SÓ ONDA BRABA

Ascensão e queda do bilionário do rap Diddy, de olimpo da música à cadeia

A lista de acusões contra o rapper Sean "Diddy" Combs, 54, preso há mais de um mês, é longa e grave: estupro, agressão física e verbal, tráfico sexual, associação ilícita, porte de armas e de drogas e promoção da prostituição.

A lista de acusões contra o rapper Sean "Diddy" Combs, 54, preso há mais de um mês, é longa e grave: estupro, agressão física e verbal, tráfico sexual, associação ilícita, porte de armas e de drogas e promoção da prostituição.
A lista de acusões contra o rapper Sean "Diddy" Combs, 54, preso há mais de um mês, é longa e grave: estupro, agressão física e verbal, tráfico sexual, associação ilícita, porte de armas e de drogas e promoção da prostituição.

A lista de acusões contra o rapper Sean “Diddy” Combs, 54, preso há mais de um mês, é longa e grave: estupro, agressão física e verbal, tráfico sexual, associação ilícita, porte de armas e de drogas e promoção da prostituição.

Mas são os detalhes que não param de aparecer que deixam a trama cada dia mais bizarra.

Nas festas selvagens que promovia, batizadas de “freak offs”, tudo acontecia sem grandes abalos sísmicos até por volta das 2h da madrugada —quando mulheres começavam a circular nuas. Era a senha para que os mais comportados fossem embora, porque dali para a frente valia tudo nessas maratonas sexuais.

Vídeos com celebridades do primeiro time de Hollywood e do mundo da música participando de atos sexuais não consensuais ameaçam surgir a todo momento. Nenhum nome foi confirmado até agora, mas Diddy costumava ser visto com gente como Jay-Z, Beyoncé, Leonardo DiCaprio, Ashton Kutcher, Mariah Carey, Mary J. Blige. Robert De Niro é sócio de Diddy em alguns de seus restaurantes. Usher morou com ele durante dois anos quando era adolescente. Justin Bieber passou pelo menos 48 horas em uma dessas festas.

Nesta semana, o advogado Tony Buzbee, cujo escritório está cuidando das mais de 120 acusações de abuso sexual contra o rapper, famosos também devem ser processados —e talvez tenham a chance de se resolveram indenizando as vítimas para evitar uma denúncia pública.

Milhares de potes de óleo de bebê, todos misturados com um anestésico poderoso, circulavam livremente, para que as vítimas ficassem sem condições de se defender. Estupros coletivos de homens, mulheres, meninos e meninas.

Artistas cujas carreiras eram mantidas reféns do produtor, e que, se não fizessem todas as vontades dele e de quem mais ele quisesse, seriam destruídas.

Ele foi preso sem possibilidade de fiança, mas, homem de negócios que é, não aceitou não como resposta. Diddy ofereceu US$ 50 milhões de dólares, ou R$ 275 milhões, mais testes diários para detecção de drogas, visitas só de familiares e de funcionários da casa, em troca de esperar seu julgamento em prisão domiciliar. Essa foi a oferta mais recente e “generosa” do rapper para a Justiça americana, que, pela quarta vez, negou.

O rapper e produtor Sean “Diddy” Combs está preso há quase uma semana no Centro de Detenção Metropolitano do Brooklyn, em Nova York, nos EUA.

Detido em um hotel de luxo em Nova York, Diddy foi levado para o Metropolitan Detention Center, uma prisão no Brooklyn que tem um histórico de violência e reclamações por condições insalubres para os seus detentos.

Foi para lá também que o rapper R. Kelly, preso em 2019 e condenado por pornografia infantil, extorsão e tráfico sexual, esperou seu primeiro julgamento, em 2022, que o condenou a 30 anos de prisão. No ano passado, no segundo julgamento, foi condenado a outros 20 anos.

R. Kelly cumpre sua pena, que pode ser contada simultaneamente nos primeiros 19 anos, na prisão Butner, no estado americano da Carolina do Norte, onde deve permanecer até, pelo menos, 2045 —quando estará com 78 anos.

Ou seja, Diddy tem motivo para estar com os nervos à flor da pele, com pensamentos suicidas, até, como seus advogados alegaram, em mais uma tentativa de mudar a situação dramática em que o magnata se encontra. Mas nada parece mudar a opinião dos promotores ligados ao caso.

O músico, empresário, estilista, produtor e apresentador de televisão, que acumula carreiras, apelidos, mulheres, filhos, escândalos e desafetos, tem uma fortuna avaliada em US$ 1 bilhão —cerca de R$ 5,5 bilhões.

Os números em sua biografia tendem a ser todos assim, aparentemente inflacionados.
São sete filhos, entre cinco biológicos e dois adotivos, de quatro mulheres. Com 34 anos dedicados à música, se sagrou como a figura mais poderosa da música americana no seu auge. Fundou uma gravadora, uma grife de roupas, produziu e apresentou um programa de TV, foi embaixador de uma marca de vodka, namorado de celebridades de Hollywood, padrinho de carreira de vários músicos de sucesso —precedendo Jay-Z, Pharrell Williams e Drake— e desafeto de outros tantos, entre eles Kanye West e 50 Cent. Indicado a nove Grammys, venceu três.

Criador das ilustres “festas brancas”, que aconteciam desde 1998 em suas casas em Nova York, Miami, Los Angeles e St Tropez, e na qual os convidados se misturavam a celebridades como as irmãs Kardashian, todos vestidos de branco.

Produziu e lançou um dos álbuns de rap mais bem-sucedidos da história. “No Way Out”, de Notorious B.I.G., assassinado aos 24 anos, em 1997, meses antes do lançamento do trabalho, foi seis vezes disco de platina, ou seja, vendeu pelo menos 6 milhões de cópias. A morte do rapper nascido no Brooklyn aconteceu apenas seis meses depois do assassinato de Tupac Shakur, de 25 anos, em Las Vegas.

Ambos os crimes permanecem sem explicações até hoje, e Diddy é o principal suspeito de ter sido o mandante de ambos os casos. Ele, aliás, se declara inocente de todas as acusações contra ele.

Problemas com a lei não são novidade na vida do produtor musical. Na época em que Diddy namorava a atriz e cantora Jennifer Lopez, entre 1998 e 2001, um tiroteio em um clube noturno, em que três pessoas ficaram feridas, provocou a prisão de ambos. A atriz, aliás, foi provavelmente quem entrou no clube noturno com a arma na bolsa. Diddy e J.Lo acabaram inocentados, mas o rapper Jamal “Shyne” Barrow, na época com 20 anos, acabou condenado a nove anos de prisão pelo incidente.

Uma das pessoas feridas no tiroteio daquela noite de 1999, Natania Reuben, afirma até hoje que foi Diddy quem atirou nela. Ela foi baleada no rosto e, em 2008, entrou com um processo de US$ 130 milhões (cerca de R$ 725 milhões) contra o rapper. O processo foi resolvido fora dos tribunais em 2011.

No ano passado, no dia 16 de novembro, a modelo, atriz e cantora Cassie Ventura, ex-namorada do rapper, entrou na justiça com um processo por abuso físico e estupro, que teriam acontecido ao longo de uma década. Diddy negou a história e resolveu o caso com um acordo financeiro.

No entanto, a versão da cantora foi confirmada em vídeo no último mês de maio, quando a rede de TV americana CNN divulgou uma gravação obtida pela câmera de segurança de um hotel de luxo de Las Vegas em que Combs dá chutes, tapas, socos e arrasta a ex-namorada pelo cabelo. A agressão aconteceu em 2016.
Depois de Cassie, outras cinco pessoas entraram com ações contra ele pelos crimes citados acima.

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Desta vez não vai ter acordo extrajudicial que livre a cara do rapper. Nem a mãe dele, Janice Small Combs, sua eterna fã número um, teve coragem de dizer que o filho era inocente. Ela admitiu que ele “cometeu erros no passado, como todo mundo, mas não é o monstro que está sendo pintado pela imprensa”.

O julgamento de Sean Combs ainda não está marcado, mas promete ser, no mínimo, tão cheio de gente famosa ou importante quanto uma de suas “festas brancas”, com momentos de “freak offs” de embrulhar o estômago e uma cachoeira de nomes célebres arrastados para o lamaçal de baixaria. Diddy pode ser condenado à prisão perpétua se os crimes de que é acusado forem provados.

TETÉ RIBEIRO/SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)