Acervo inédito de Marília Mendonça se torna centro de disputa

A herança artística de Marília Mendonça, uma das maiores vozes da música brasileira, continua viva e quebrando recordes mesmo após sua trágica morte em 2021. Prova disso é o sucesso de “Leão”, lançada em 2022, que se tornou a canção mais ouvida por brasileiros na história das plataformas digitais. O vasto acervo de trabalhos inéditos da cantora garante que seu legado permaneça por décadas, com material suficiente para lançar “10 músicas por ano” ao longo de “20 anos, com folga”, segundo seu empresário.

No entanto, a gestão desse precioso acervo é alvo de tensão entre as três partes que administram seu legado: a família da artista (sua mãe, Ruth Dias, e Murilo Huff, pai de seu filho herdeiro, Léo); a gravadora Som Livre, detentora dos direitos comerciais de sua obra; e a empresa Workshow, que gerenciava sua carreira.

O ponto central da discórdia é um pen drive que contém entre 100 e 110 arquivos inéditos, incluindo esboços de composições, gravações caseiras de voz e violão, e covers. O material foi compilado por Tchula, principal parceiro de composição de Marília. Relatos indicam que uma das faixas é considerada por alguns como uma das melhores de sua carreira.

O empresário Wander Oliveira, da Workshow, defende que o conteúdo do pen drive seja uma herança afetiva para Léo, tendo até doado sua parte dos direitos ao espólio do menino. Ele alega que o dispositivo deveria ser guardado e entregue a Léo quando ele atingisse a maioridade.

Por outro lado, o advogado da família, Robson Cunha, confirmou que já estão em andamento negociações com a Som Livre para o lançamento comercial desse material. Ele fundamenta a ação no contrato de 2019, que concede à gravadora os direitos de toda a obra produzida por Marília em vida, e disse desconhecer qualquer acordo que destinasse o pen drive exclusivamente como herança para Léo, acusando ainda o próprio Wander de ter incluído os arquivos em suas próprias negociações.

A situação expõe o conflito entre o valor comercial do inédito e o seu valor sentimental como herança pessoal, deixando fãs e o mercado musical na expectativa do desfecho dessa disputa.