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Subida da Selic a 15%: o remédio amargo para uma inflação persistente

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Subida da Selic a 15%: o remédio amargo para uma inflação persistente

No dia 18 de maio de 2025, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil surpreendeu parte do mercado ao elevar a taxa Selic para 15% ao ano, o maior nível desde 2003. A decisão, embora esperada por uma ala mais conservadora dos analistas, consolida um dos ciclos mais agressivos de aperto monetário da última década. A medida visa combater uma inflação resistente, alimentada por pressões fiscais, câmbio volátil e choques externos persistentes.

Inflação resistente, política fiscal frouxa

Apesar dos sucessivos aumentos da Selic desde 2024, a inflação brasileira tem demonstrado resistência. O IPCA acumulado em 12 meses está acima de 7%, pressionado por aumentos de alimentos, combustíveis e energia, além de repasses cambiais decorrentes da instabilidade política interna e das tensões geopolíticas internacionais.

A postura expansionista do governo federal, com sucessivos pacotes de estímulo e gastos elevados fora do teto, tem comprometido a credibilidade da âncora fiscal. Isso reduz a eficácia da política monetária, forçando o Banco Central a reagir com mais intensidade. O movimento de alta de juros é uma tentativa clara de ancorar expectativas e proteger o real de uma desvalorização ainda maior.

Impactos no crédito, consumo e investimento

A taxa Selic em 15% deve impor um forte freio na economia real. O crédito ficará mais caro para empresas e consumidores. Linhas de financiamento, como crédito pessoal, rotativo do cartão e empréstimos para capital de giro, terão custos proibitivos. A consequência mais imediata é a retração do consumo das famílias e a desaceleração dos investimentos produtivos.

Os setores mais sensíveis aos juros, como construção civil, varejo e bens duráveis, sentirão os efeitos de forma mais intensa. A confiança do empresário já vem caindo, e o risco de aumento no desemprego nos próximos trimestres é real.

Efeitos no câmbio e nos investimentos

Por outro lado, a elevação da Selic aumenta a atratividade do Brasil para o capital estrangeiro de curto prazo. A taxa real de juros volta a figurar entre as mais altas do mundo, o que pode gerar fluxo cambial positivo no curto prazo e contribuir para alguma estabilização do real. No entanto, esse movimento depende da manutenção da credibilidade do Banco Central e da clareza fiscal por parte do Executivo.

No mercado financeiro, a renda fixa volta ao protagonismo. Os títulos públicos indexados à taxa Selic e os pós-fixados se tornam mais atrativos para os investidores, em detrimento da Bolsa de Valores, que já vinha sofrendo com a fuga de capitais e revisão de lucros futuros.

Crescimento ameaçado em 2025

Com esse novo patamar de juros, a projeção de crescimento do PIB para 2025 deve ser revisada para baixo. Alguns economistas já falam em crescimento abaixo de 1% ou até mesmo em risco de recessão técnica no segundo semestre. O Brasil se vê novamente diante do dilema entre controlar a inflação ou preservar o crescimento.

O custo do desajuste

A alta da Selic a 15% é, em última instância, o reflexo do desajuste entre política monetária e política fiscal. O Banco Central, autônomo, age para preservar o poder de compra da moeda, mas sozinho não conseguirá conter os efeitos de um ambiente fiscal descontrolado. Sem uma sinalização clara de ajuste nas contas públicas, o país seguirá pagando caro em juros e em desaceleração econômica.

O aperto monetário é o “remédio amargo”, mas necessário. O problema é que ele está sendo administrado sem o acompanhamento de um tratamento fiscal adequado, o que compromete sua eficácia e aumenta o sofrimento do paciente: a economia brasileira.