O dia só começa após o café da manhã!

Trayce Melo

Seja uma manhã quente ou fria, a tradicional combinação do café suavizado pelo leite, acompanhado de um pão na chapa faz parte da rotina de muita gente. Nos cafés e padarias da capital, o hábito é tão difundido que já pode ser chamado de tradição e tem gente que ao invés de tomar o café da manhã em casa, prefere um expresso com um pão bem quentinho numa panificadora. E isso motiva os empresários a fazer modificações em seus negócios.
“Já me acostumei a tomar café aqui, venho todos os dias na mesma padaria”, conta Paulo Pereira, 65 anos, dono de um estacionamento particular e cliente fiel de um estabelecimento na Avenida Governador Magalhães Barata. Para ele, não há forma melhor de começar o dia. “Trabalho aqui pelo perímetro há mais de 30 anos, todo mundo já me conhece, acho que já provei todos os salgados daqui”, diz.
Experiente em atender os clientes matutinos, a proprietária Cristina Gouveia trabalha há mais de 40 anos em uma tradicional panificadora da Travessa Mauriti e calcula quantos pastéis folheados servem no “horário de pico” da manhã. “Entre 7h e 8h30, tem dias que chegamos a vender mais de 600 pastéis folhados de queijo”, conta. Ela explica que preza pela qualidade dos produtos e o valor justo por um bom café da manhã. “O que nos mantém no mercado por tantos anos é a inovação, estamos sempre trazendo novidades e oferecendo um preço justo aos nossos clientes. Nosso café da manhã é bem diverso, têm desde pão na chapa a bolos de diversos sabores, mas o nosso queridinho da casa é o pastel folhado. Inclusive, recebemos muitos clientes de outros bairros e até pedidos para delivery”, garante.

Centenária
No bairro da Batista Campos, resiste a panificadora centenária da advogada Marcela Gruppi Rodrigues. Segundo os registros, o estabelecimento existe desde 1916, mas há quem diga que o começo foi até antes da data oficial. “A panificadora é muito antiga, antes de ser da minha família há registros que já funcionava como padaria, sendo considerada como uma das mais antigas. As pessoas gostam muito de vir tomar café da manhã aqui, tanto que preparamos um cantinho especial para a preparação de tapioca. O legal é que temos clientes bem antigos, que já têm a tradição de vir tomar café todos os dias. A gente até fez uns tipos de café especiais, porque nossos clientes são como família”, atribui. Ela diz que quem chega para comprar pão sempre vai comê-lo bem quentinho. “Aqui temos uma grande variedade de doces e salgados. Mas quem gosta de um pão gostoso e quentinho, vai sempre encontrar aqui. De 20 em 20 minutos sai uma fornada. Tentamos prezar sempre pela qualidade dos nossos produtos com uma produção diária e artesanal, e trabalhamos com uma nutricionista. Por conta da grande demanda, começamos a atender também por delivery. Conforme as épocas do ano, vamos deixando o ambiente temático, com uma programação especial”, destaca a empresária.

Grãos selecionados e novas experiências de sabores

Algumas padarias e cafeterias mais sofisticadas já oferecem variações do café da manhã tradicional, como a localizada no bairro Curió Utinga, com seus famosos cafés, tortas geladas e cuscuz à moda nordestina. “Embora tenha gente que pense o contrário, café não é tudo igual. O tipo de grão é o que mais influencia na qualidade do café, aqui nossos grãos são selecionados”, explica Davi Daniel, atendente. O estabelecimento tem como proposta trazer um ambiente instagramável e acolhedor para o bairro. “O nosso foco é começar pelo nosso bairro e trazer para a vizinhança um espaço aconchegante para que ela não precise se deslocar para outros pontos da cidade para conhecerem uma cafeteria”, esclarece.
Ele pontua que a cafeteria tem um capuccino especial, queridinho dos clientes, com uma mistura secreta que leva chocolate e chantilly. “A nossa produção é toda feita aqui, com fermentação natural. Temos uma grande variedade de produtos, mas os mais pedidos pelos nossos clientes são o capuccino especial com o nome da casa, a torta gelada de morango e o nosso cuscuz com carne, ovo e bacon, que é a grande sensação aqui, principalmente por clientes nordestinos”, avalia.
O grupo de amigos Brena Costa, 35 anos, cabeleireira; Frank Silva, 39 anos, atendente; e Erika Cardoso, 29 anos, atendente, mora no bairro do Curió Utinga e conta que faltava um espaço assim naquela região. “A gente sempre gosta de se reunir para tomar um café e conversar, já frequentamos alguns pelo centro da cidade e, ter uma aqui pertinho de casa é muito bom. Agora se tornou nosso lugar favorito”, elogia Erika Cardoso.

Roteiro