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PVC - Brasil terá de descomplicar jogo contra Coreia do Sul

Atual camisa 10 e maior artilheiro da seleção brasileira, Neymar não se manifestou nas redes sociais sobre a morte de Zagallo. Foto: Fifa/Divulgação
Atual camisa 10 e maior artilheiro da seleção brasileira, Neymar não se manifestou nas redes sociais sobre a morte de Zagallo. Foto: Fifa/Divulgação

Paulo Vinicius Coelho

Jornalista, autor de ‘Escola Brasileira de Futebol’, cobriu seis Copas e oito finais de Champions

 

O provável retorno de Neymar contra a Coreia do Sul tem dois motivos. Ele está bem e quer jogar. Tite não disse que será titular, mas a tendência é essa. O fato de a partida ser contra os sul-coreanos não diminui o risco. A seleção precisa corrigir defeitos, aproximar seus melhores jogadores e dar opção de tabelas para os pontas.

O Brasil tem o segundo pior ataque entre as 16 seleções classificadas em seus grupos. Três gols é o pior desempenho na fase de grupos desde 1978, e os pontas sozinhos não vão resolver.

Contra a Coreia, a seleção precisará de mais combinações coletivas, para permitir a Vinicius Junior decidir na Copa do Mundo, como decidiu na Liga dos Campeões.

Rodrygo agora deve voltar a seu lugar, de reserva de Neymar. Seus dois gols nos dois minutos de acréscimos contra o Manchester City aconteceram mais por mérito do menino-raio do que pela estratégia de Carlo Ancelotti. Rodrygo tem maturidade para solucionar partidas difíceis. Será ele quando não puder ser Neymar.

Vinicius também responde. Aos 22 anos, já fez gol no clássico contra o Barcelona e tornou-se o quinto mais jovem a marcar numa final de Liga dos Campeões. A jogada de Valverde, convertida pelo garoto de São Gonçalo, aconteceu quando ele tinha 21 anos e 320 dias. Patrick Kluivert, pelo Ajax, marcou aos 18 anos e 327 dias, na final contra o Milan em 1995.

O problema é saber quem fará as combinações pela esquerda, especialmente sem um lateral de ofício. Não adianta entregar-lhe a bola e esperar que drible, ou que faça gols. Seu único na seleção aconteceu contra o Chile, no Maracanã, o lugar onde nasceu para o futebol.

É possível esperar um duelo sofrido contra a Coreia do Sul. O time de Paulo Bento acredita até o fim, a ponto de buscar o empate com Gana quando estava perdendo por 2 a 0 (depois levou o terceiro) e de vencer Portugal com um gol de Hwang Hee-chan, nos acréscimos.

Contra-ataque. Esse é o tema central das palestras do treinador português. A velocidade de Son “”sem trocadilho”” no setor de Militão é o que pode incomodar. Os passes de Hwang In-beom, segundo volante e quem mais toca na bola na equipe asiática, devem ser marcados.

O Brasil terá de transformar uma partida complicada num jogo fácil. Como a Holanda fez contra os Estados Unidos.

Com a diferença de que o pragmatismo de Louis Van Gaal, nesta Copa do Mundo, permite que atrase sua marcação para o campo de defesa e contra-ataque.

Os holandeses foram responsáveis pela 22ª vitória de quem teve menos posse de bola do que o adversário (44%). Contra a Austrália, a Argentina conquistou a fórceps o 18º triunfo de quem tenta controlar seu rival com a bola no pé (36%). Parece óbvio que os sul-coreanos tentarão consagrar a estratégia de marcar e vencer num contragolpe ou falta.

Depois da Copa da Rússia, o Brasil sofreu apenas 20 gols em 52 jogos. Só que 12 resultaram de faltas ou escanteios e 4 de contra golpes.

Com Neymar e Vinicius, parece mais fácil destravar o cadeado sul-coreano.