Diário no Qatar

Na vitória e na derrota...aquela rivalidade imortal (Coluna do Sérgio Augusto)

Na vitória e na derrota...aquela rivalidade imortal (Coluna do Sérgio Augusto)

Portugal 6 x 1 Suíça, Brasil 4 x 1 Coreia do Sul. Estes dois resultados, por si só, já bastariam para deixar os lusitanos mais que felizes. Mas o que aconteceu em um terceiro jogo das oitavas-de-final da Copa do Qatar, além da surpresa, somou uns pontinhos a mais à felicidade portuguesa: a derrota da Espanha para o Marrocos e a consequente eliminação dos campeões mundiais de 2010.

Isso mesmo: o efeito é parecido quando a Argentina perde e os brasileiros comemoram e vice-versa. Portugueses e espanhóis são rivais, há centenas de anos, e ponto final. Não se trata de ser inimigos: são adversários e quando o outro perde, a festa tá garantida. Dessa vez, a Espanha está fora do mundial, Portugal e Brasil seguem em frente. E já tem um clima diferente nos ares lusitanos…

Por uma destas coincidências que o destino se esmera em aprontar, ontem as ruas, restaurantes e shopping centers de Portugal estavam lotados de espanhóis. Era mais fácil ouvir a língua de Cervantes nas ruas daqui do que a de Camões. E eles sofreram, mas sofreram muito, quando o jogo acabou empatado em 0 x 0. Pareciam prever que a coisa não ia acabar bem para eles.

E foi mesmo um desastre: os jogadores da Espanha não acertaram um único chute no gol de Marrocos, que venceu, ao fim, por 3 x 0 nas penalidades máximas. Antes da Copa começar, se alguém arriscasse este palpite, claro que seria motivo de piada. Pois Marrocos contrariou as expectativas e também está entre as oito melhores seleções do mundo.

Outro lance dos mais comentados pelos lados de cá foi a “queda de braço” entre Cristiano Ronaldo e o treinador português Fernando Santos. O CR7, como todos sabem, é um dos protagonistas do futebol mundial já tem quase 20 anos. E o técnico é daquele tipo que não leva desaforo pra casa. Flashback: no jogo contra Camarões, Santos substituiu Ronaldo, que reclamou e então começou a crise no time.

Resultado: Ronaldo começou a partida contra a Suíça entre os reservas. Santos, em outras palavras, disse: “Podes ser a estrela maior, mas eu sou o treinador e escalo quem eu quiser”. Deu a entender que Portugal já sobrevive sem o CR7 e isso deixou o camisa 7 furioso. Ele entrou no segundo tempo com o jogo já ganho e não fez gol. Vamos ver quais os próximos capítulos desta trama campeã de audiência no mundo da bola.

E o Brasil? Parece que acordou e coisa e tal. Mas a impressão que tive foi que a Coreia do Sul gastou todo o arsenal que tinha contra os portugueses, no jogo anterior, e entrou em campo contra o Brasil com a esperança de perder por menos de 10. E conseguiu. Parece que o sonho dos coreanos era vencer o CR7 e o que viesse depois era lucro. Acabaram fora de um torneio em que poderiam ter ido mais longe.

Resumindo a ópera: Portugal e Brasil nas quartas, mais bola a rolar nos próximos dias, os portugueses já a acreditar mais e mais em novos triunfos. E já são cada vez mais numerosos aqueles que falam em Portugal campeão no Qatar….

Bem, o que os gajos jogaram ontem foi futebol em alto nível e contra uma seleção suíça nem tão inocente. As cartas estão na mesa e o funil está se fechando. Nos próximos dias vamos saber quem vai às semi-finais e finais da Copa. Força Brasil e Portugal. Câmbio, desligo!

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Sérgio Augusto é jornalista, paraense e radicado em Portugal.