LUCIANO TRINDADE
AL WAKRAH, QATAR (FOLHAPRESS)
Olivier Giroud, 36, atuou por 546 minutos na última Copa do Mundo, mas deixou a Rússia como um atacante campeão que não marcou nenhum gol. No Qatar, tratou de se livrar do jejum logo na estreia da França contra a Austrália, nesta terça-feira (22), no estádio Al Janoub.
Desta vez, ele precisou de 30 minutos em campo para balançar a rede. E foi num momento importante para o time, virando o placar para os franceses.
Craig Goodwin tinha inaugurado o placar aos nove minutos do primeiro tempo. Rabiot empatou, aos 27, e Giroud marcou depois, aos 32. Na etapa final, Mbappé, aos 23, e Giroud, aos 26, estabeleceram a goleada na cidade de Al Wakrah.
Depois de passar em branco no Mundial de 2018, Giroud foi levado ao Qatar para ser reserva. A vaga de titular pertencia a Karim Benzema, mas o recém-eleito melhor jogador do mundo pela revista francesa France Football acabou cortado por lesão.
O jogador do Real Madrid reforçou uma lista de importantes desfalques que a França acumulou antes de iniciar a busca pelo seu terceiro título mundial. Peças importantes, como Pogba, Kanté, Kimpembe e Nkunku também ficaram pelo caminho por problemas físicos.
Didier Deschamps poderia ter chamado um jogador para ocupar a vaga de Benzema, cortado já durante a preparação do elenco no Qatar. Mas o treinador optou por não fazê-lo. Além de confiar nos demais 25 atletas que levou, deu um voto de confiança para Giroud.
Para o comandante, mesmo quando o camisa 9 não faz gol, é “útil para o time”. Mas isso não contenta o próprio atleta. A seca na última Copa o deixou incomodado. Ao marcar contra a Austrália, exibiu semblante que era um misto de euforia e alívio.
Benzema não deve ter ficado muito feliz vendo sua vaga ser preenchida pelo atleta do Milan. Em 2020, no período em que estava afastado da seleção, ao fazer uma comparação entre si e Giroud, disse que isso seria como equiparar um carro de F1 a um kart. “E sei que eu sou a F1”, declarou Benzema.
Giroud respondeu citando seu título mundial. Agora, ele reforça sua importância igualando uma marca histórica de Thierry Henry: tornou-se ao lado do ex-jogador o maior artilheiro da história da seleção francesa, com 51 gols.
A boa atuação, somada à resiliência mostrada pelo elenco francês, que mesmo desfalcado de peças importantes conseguiu golear de virada, mostra força. A equipe tenta buscar o tricampeonato e ainda repetir um feito que só Itália (1934 e 1938) e Brasil (1958 e 1962) conseguiram, com dois títulos seguidos.
O caminho ainda é longo. Mas neste momento os franceses não estão pensando nisso. Nas arquibancadas do estádio Al Janoub, eles só aplaudiram Giroud.