Diário no Qatar

Individual e coletivo (Coluna do Tostão - 20/11)

Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Na Copa do Mundo, a maioria das pessoas que vão ver e festejar não acompanha, habitualmente, o futebol, nos detalhes técnicos, táticos, individuais e coletivos. Por isso, é importante repetir que a nítida superioridade dos times europeus sobre os sul-americanos, pois eles contratam os melhores do mundo, não acontece entre as seleções.

O Brasil não chegou à final das últimas quatro copas porque fracassou, e sim porque havia equilíbrio. Com isso, diminuem as chances de conquistar o título. São, geralmente, os detalhes e os fatores inesperados que decidem a partida entre duas seleções do mesmo nível técnico. O equilíbrio continua no atual Mundial.

Apesar da globalização do mundo e do futebol, veremos, entre as principais seleções, estratégias diversas. Há várias maneiras de ganhar e de brilhar. A diversidade é fundamental, na vida e no futebol. As coisas tornam-se medíocres quando todos têm as mesmas opiniões. É preciso respeitar os que pensam diferente, com conhecimento e informações corretas.

Minhas homenagens a Felipão, que encerrou a carreira de treinador e que tem ideias de jogo diferentes das minhas, mas que é um profissional vitorioso e digno. Estendo minhas homenagens a Gal Costa, que faleceu dias atrás, e a Paulinho da Viola, poeta do morro, e ao magistral Milton Nascimento, que completaram 80 anos neste 2022.

Cada seleção se destaca por alguns jogadores e em setores diferentes. O Brasil, além de Neymar e de outros ótimos atletas, possui o melhor trio defensivo, centralizado, da Copa, com os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos, protegidos pelo volante Casemiro, além do excelente goleiro Alisson. Os laterais Danilo e Alex Sandro são também bons marcadores.

A França tem a melhor dupla de atacantes do mundo, Mbappé e Benzema, além de pontas rápidos e velozes (Coman e Dembélé), como o Brasil. Porém a França não tem a mesma qualidade do goleiro e dos zagueiros brasileiros. Os volantes Kanté e Pogba farão falta.

A Argentina evoluiu porque tem Messi em forma, tem um forte conjunto e melhorou a parte defensiva, com o goleiro Emiliano Martínez e os zagueiros Romero e Lisandro Martinez, bem protegidos pelos volantes, embora o técnico insista em escalar o zagueiro Otamendi, sempre um risco de pênalti, com um carrinho dentro da área.

A Espanha e a Alemanha se destacam por terem ótimos meio-campistas, que gostam de trocar passes e de ter o domínio da bola, como os alemães Kimmich e Gundogan e os espanhóis Busquets ou Rodrigo e os jovens Gavi e Pedri, eleitos as maiores revelações do futebol mundial nos últimos dois anos. Porém falta um grande atacante à Espanha.

Já Portugal e Inglaterra possuem ótimos meias ofensivos e atacantes, como os ingleses Kane e Foden e os portugueses Cristiano Ronaldo, Mateus Fernandes e Bernardo Silva, mas falta às duas seleções mais talento do meio para trás.

A Bélgica possui dois dos melhores jogadores do mundo, De Bruyne e Courtois, e torna-se mais forte se Lukaku voltar a jogar bem, mas os defensores também são frágeis. De Bruyne é o melhor meio-campista do mundo, um dos melhores meias-atacantes do mundo, um dos melhores passadores e cruzadores de bola do mundo e ainda faz muitos gols.

As principais seleções candidatas ao título se destacam mais pelo ataque que pela defesa, por causa do talento individual e também pelo fato de o futebol estar mais ofensivo, sem fragilizar a marcação. O espetáculo é individual e coletivo.

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Tostão
Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina