
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), muitas vezes confundido com um simples resfriado, representa uma ameaça significativa para adultos acima de 50 anos com doenças crônicas, especialmente as cardiovasculares. Pesquisas apontam que pessoas nessa faixa etária com insuficiência cardíaca têm até 7,6 vezes mais risco de hospitalização em decorrência da infecção.
A relação entre o VSR e complicações cardíacas já é reconhecida pela comunidade científica. Pacientes hospitalizados com doenças cardiovasculares apresentam 3,5 vezes mais chances de evoluir com agravamento da insuficiência cardíaca ou de sofrer eventos como angina, infarto, AVC e arritmias.
Segundo a infectologista Lessandra Michelin, líder médica de vacinas da GSK, a infecção provoca uma resposta inflamatória intensa que compromete a circulação sanguínea e sobrecarrega o coração. “O VSR pode desencadear descompensações graves, aumentando a necessidade de oxigênio e até levar o paciente à UTI. Além disso, pode evoluir para pneumonia”, explica.
Impacto global e cenário no Brasil
Estima-se que o VSR atinja 64 milhões de pessoas por ano no mundo. Nos Estados Unidos, é responsável por até 160 mil hospitalizações e entre 6 mil e 10 mil mortes anuais em adultos com mais de 65 anos, de acordo com o CDC.
No Brasil, um levantamento de 10 anos (2013-2023) mostrou que idosos com comorbidades infectados pelo vírus apresentaram alta taxa de internação em UTI e letalidade média de 25,9%. As doenças cardiovasculares foram as comorbidades mais frequentes entre os casos analisados, representando 64,2%.
A especialista destaca que o VSR não se restringe às crianças, como se acreditava: “O vírus também causa quadros graves em adultos com doenças crônicas, como diabetes, DPOC, asma e insuficiência cardíaca, elevando o tempo de internação, as complicações e o risco de óbito”, alerta Michelin.
Transmissão dentro de casa
Outro ponto crítico é o contágio intradomiciliar. Crianças, frequentemente infectadas pelo VSR, podem transmitir o vírus a idosos. Estudos indicam que adultos em contato próximo com crianças infectadas têm 22,6 vezes mais chance de contrair a doença.
Proteção e prevenção
A vacinação é hoje uma das principais formas de proteção contra o VSR, somada a medidas de prevenção, como higienizar as mãos, evitar contato próximo com pessoas doentes, cobrir nariz e boca ao tossir ou espirrar e permanecer em casa ao apresentar sintomas.
Risco adicional: doenças cardiovasculares
Hoje, 29 de setembro, Dia do Coração, é importante lembrar que as doenças cardiovasculares seguem como a principal causa de morte no mundo, responsáveis por mais de 20,5 milhões de óbitos anuais. No Brasil, o infarto agudo do miocárdio lidera as estatísticas, com 300 a 400 mil casos por ano e uma morte a cada cinco a sete ocorrências. A hipertensão arterial, por sua vez, está ligada a 388 mortes diárias.
Nesse cenário, especialistas reforçam a necessidade de conscientização: para pacientes cardíacos, a infecção por VSR pode não ser apenas um problema respiratório, mas um risco real de complicações fatais.