Dr. Responde

Vírus Sincicial é a principal causa de internações de crianças

Adriana Ribeiro cita cuidados para prevenir o vírus Sincicial
Adriana Ribeiro cita cuidados para prevenir o vírus Sincicial

Cintia Magno

Principal causa de internações de crianças até 4 anos de idade, o chamado Vírus Sincicial Respiratório (VSR) já representa 39% dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) notificados no ano de 2023 e que apresentaram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, ficando atrás apenas do vírus causador da Covid-19. O cenário deixa um alerta para a população e os sistemas de saúde.

O número é apontado pela última edição do Boletim InfoGripe, estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Segundo o documento divulgado na última sexta-feira (19), do total de 23.626 casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) notificados no ano epidemiológico de 2023 e que apresentaram resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 39% são referentes à infecção pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), percentual próximo aos 40,2% referentes ao vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19. Já os casos de Influenza A representam 5,9% do total de casos positivos registrados no ano e os de Influenza B representam apenas 4,5%.

Ainda que o VSR seja um vírus comum, a possibilidade de evolução para quadros mais graves da doença demanda atenção. A diretora médica da Pfizer Brasil, Dra. Adriana Ribeiro, explica que o Vírus Sincicial Respiratório é uma das principais causas de infecções respiratórias, bronquiolites e até pneumonia em crianças.

“É o que chamamos de um RNA vírus, da mesma família do sarampo. Crianças de todas as idades, até mesmo adultos e idosos também podem sofrer com infecções do trato respiratório causadas pelo VSR. No entanto, estudos apontam que crianças até 6 meses, com doenças respiratórias crônicas e com cardiopatias são os principais grupos de risco de infecções causadas por ele”, considera.

“É importante ressaltarmos que o VSR é um vírus comum, com reinfecções frequentes em quadros de bronquiolites em crianças. É comum que o primeiro contato com o vírus ocorra ainda no primeiro ano de vida. Portanto, é um vírus já comum em certos períodos do ano, principalmente no primeiro semestre”.

A médica aponta que, em crianças menores de 2 anos, o VSR é responsável por cerca 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante os períodos de sazonalidade, que na região Norte do país costuma ocorrer com mais intensidade a partir do mês de abril até o mês de junho. Entretanto, ainda que principalmente as crianças se enquadrem no chamado grupo de risco, o VSR também pode levar a infecções respiratórias graves em adultos e idosos.

“No caso das crianças, público mais suscetível a formas graves de infecções por VSR, crianças lactantes até seis meses de idade, em especial prematuros e com doenças pulmonares crônicas, têm maior chance de desenvolver formas graves. Em geral, estudos apontam necessidade de internação em 10% e 15% de crianças dessa faixa etária diagnosticadas com o VSR”, esclarece a médica.

A médica aponta que, em crianças menores de 2 anos, o VSR é responsável por cerca 75% das bronquiolites e 40% das pneumonias durante os períodos de sazonalidade

Assim como na infecção por influenza, o mais indicado é que o paciente tenha um acompanhamento próximo de um médico, sobretudo nos casos de pacientes que se enquadram nos grupos de risco. Um alerta feito pela Dra. Adriana Ribeiro é de que a similaridade de sintomas causados pelo VSR com os causados por outros agentes virais, como o da gripe comum, pode dificultar o diagnóstico e causar atraso na busca por acompanhamento médico e tratamento indicado.

“Estudos observam que doenças respiratórias relacionadas ao VSR geralmente contam com congestão nasal e rinorréia (nariz escorrendo) no início, com tosse sibilante (tosse com sons agudos), ou seja, um chiado característico da infecção por VSR. No caso da influenza, observa-se mais frequentemente febre e um curso mais brando de sintomas como coriza, congestão nasal e tosse”, diferencia, informando ainda que o tempo de incubação do VSR é de, em média, quatro a cinco dias, com melhora do quadro viral em oito dias.

“É importante ressaltar sempre a importância da ida ao pediatra para acompanhamento de sintomas, principalmente em crianças, mas também a busca de médicos por adultos que contem com doenças respiratórias crônicas e cardiopatias”.

PREVENÇÃO

Considerando que a infecção pelo VSR é semelhante à de outros vírus, com transmissão por espirros e gotículas de saliva expelidas por nariz e boca, a médica reforça que a principal forma de prevenir uma infecção viral é sempre através do cuidado com o ambiente, mantendo os ambientes arejados e higienizados, evitando aglomerações e o contato da criança com pessoas com sintomas respiratórios.

“É fundamental ressaltar a importância do aleitamento materno, uma vez que há comprovação de que o leite materno contribui para o fortalecimento do sistema imunológico de recém-nascidos”, destaca.

“Em relação à prevenção, na Pfizer estamos com uma vacina inovadora para proteção contra o VSR para crianças recém-nascidas, vacinando as grávidas e proporcionando o desenvolvimento de anticorpos materno-fetais contra o vírus – a primeira do mercado com esse mecanismo destinada ao VSR. Com isso, após o nascimento, o bebê contará com proteção contra o VSR, reduzindo a chance de desenvolvimento de formas graves da doença até que seu sistema imunológico esteja mais fortalecido. Também temos a vacina com foco no público de idosos acima de 60 anos. Ambas já no processo para registro nos Estados Unidos”.

INFOGRIPE

Baseado nos dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), a última edição do Boletim InfoGripe é referente à Semana Epidemiológica 18, que foi de 30 de abril até 06 de maio deste ano. O documento foi divulgado na última sexta-feira (19) e está disponível no endereço agencia.fiocruz.br.

SINTOMAS

Os sintomas da infecção pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), na maioria dos casos, assemelham-se aos de resfriados comuns. Confira os sintomas que devem gerar atenção, segundo aponta a diretora médica da Pfizer Brasil, Dra. Adriana Ribeiro.

*Tosse com chiado;

*Coriza;

*Obstrução nasal e falta de apetite.

*Em casos mais severos, é comum a piora da tosse com um aumento da frequência respiratória, podendo estar acompanhada de queda da oxigenação no sangue, caracterizada por sinais como lábios e pontas de dedo arroxeados.

GRUPO DE RISCO

Estudos apontam que crianças de até 6 meses de vida, com doenças respiratórias crônicas e com cardiopatias são os principais grupos de risco de infecções causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR). De todo o modo, o VSR também pode levar a infecções respiratórias graves em adultos e idosos.