A tadalafila foi originalmente desenvolvida para tratar a disfunção erétil no início dos anos 2000, mas seu uso se expandiu para outras finalidades que não envolvem impotência sexual. Em academias, jovens que não apresentam a condição utilizam o medicamento na busca por uma alta performance. Durante o Carnaval, a substância ganhou popularidade e passou a ser vendida por ambulantes como se fosse um item qualquer – apesar de exigir prescrição médica.
O medicamento começa a agir cerca de 30 minutos após a administração e pode ter efeito por até 36 horas. No entanto, seu uso deve ser racional e sempre determinado por um médico. Entre 2023 e 2024, a venda da tadalafila cresceu 60% na Bahia, segundo Cleiton Vieira, diretor comercial da Associação de Farmácias do Nordeste (Assofarne). Nos últimos quatro anos, o aumento foi de 220%.
Em 2024, a tadalafila foi o terceiro medicamento mais vendido no Brasil, ficando atrás apenas da losartana, usada para controle da pressão arterial, e da metformina, indicada para o tratamento do diabetes, conforme dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Em quatro anos, as vendas do fármaco cresceram de 21,4 milhões para 31,4 milhões de unidades. Esse crescimento expressivo está relacionado ao consumo indiscriminado pela população.
No contexto do uso como pré-treino, há a crença equivocada de que a tadalafila pode atuar no endotélio muscular, promovendo a dilatação dos vasos sanguíneos e aumentando a nutrição dos músculos antes ou durante a atividade física. Esse suposto benefício levaria a um maior ganho de massa muscular. Entretanto, médicos urologistas alertam que não há evidências científicas que comprovem esses efeitos, tornando o uso do medicamento para esse fim estritamente contraindicado. Da mesma forma, não há qualquer relação entre a tadalafila e o aumento de energia ou resistência para longas festas, como ocorre no Carnaval.
O uso recreativo do medicamento entre jovens tem sido motivado, em muitos casos, por insegurança pessoal. Para alguns, a tadalafila funciona como um suporte psicológico para melhorar o desempenho sexual.
A popularização da tadalafila também se deve à influência de criadores de conteúdo digital e humoristas, que muitas vezes promovem o medicamento sem responsabilidade.