Desde a primeira infância até a terceira idade, sempre existem vacinas para as diferentes faixas etárias. Durante a imunização, a caderneta de vacinação desempenha o papel de um documento de saúde valioso. É o meio que orienta sobre os primeiros momentos de vida de uma criança e contém o histórico completo das vacinas recebidas, conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Por isso, é preciso guardar esse documento, já que sem as informações contidas na caderneta o paciente é considerado “não vacinado”.
“Assim como tem a memória imunológica, a carteira de vacinação mostra um pouco da nossa identidade. Ela mostra o padrão de proteção contra as doenças que fazem parte do quadro de vacinas. É importante que cada um porte o cartão de vacinação físico porque embora estejamos em uma era de localização on-line, não é a realidade de todos os municípios. A medida mais segura e eficaz é guardar o nosso cartão como um documento. Ele prova a forma que estamos protegidos”, afirma Jaíra Ataíde, coordenadora de Imunizações da Secretaria Estadual de Saúde (Sespa).
Isso se torna ainda mais importante devido à mudança de armazenamento das informações vacinais pelo Ministério da Saúde. Desde a criação da caderneta, em 1977, os postos de saúde mantinham o “cartão espelho” arquivado na unidade básica de saúde.
O documento era uma cópia do cartão de vacinação com o objetivo de manter o controle das imunizações. Quem precisasse confirmar quantas e quais vacinas tinham sido administradas poderia, então, consultar no posto de saúde em que foi vacinado durante o período de cinco anos.
Porém, a partir de um processo de Registro Nominal de Vacinação Eletrônico, iniciado em 2014, as informações sobre as imunizações ganharam a esfera digital, aprimorado pela campanha de vacinação contra a Covid-19, em 2021.
O Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI) sofreu uma reformulação em 2023 com o objetivo de padronizar o armazenamento de dados de vacinação. Atualmente, as vacinas de rotina podem ser acessadas pelo site “Meu SUS Digital” através do site gov.br.
No entanto, aqueles que perderam a caderneta de vacinação ou nunca foram vacinados na infância, por exemplo, serão imunizados conforme o calendário da faixa etária atual. “A gente vai enquadrar essas pessoas pela idade. Se é adolescente, a gente vai administrar as vacinas do calendário de adolescente. Quem não tem comprovação de vacinação é ‘não vacinado’. Então, serão administradas as vacinas preconizadas para os adolescentes mesmo se já tiver sido vacinado ou não com as anteriores”, esclarece a representante da Sespa.
A repetição das vacinas não é, de forma alguma, prejudicial à saúde. Isso porque, segundo Jaíra Ataíde, os imunizantes funcionam em uma lógica de administração de antígenos para produção de anticorpos, que, caso já estejam presentes no sistema imunológico contra determinada doença, não causam nenhum efeito caso haja aplicação de uma dose extra, desde que seja respeitada a janela de vacinação.
“A função da vacina é estimular o nosso corpo a se defender de doenças. Então, na vacina é colocado um antígeno para que ele faça uma agressão simulada para o paciente produzir anticorpos. Vamos dizer que a vacina é dose única ou duas doses e você já tinha se vacinado e está protegido. Se por acaso eu estou te estimulando com mais uma dose, mas você já tem a defesa da vacina, não ocorre nada porque você já está com o sistema imune fortalecido, então não tem problema”, explica Jaíra Ataíde, coordenadora estadual de Imunizações.
Saiba mais
- As vacinas possuem faixa etária porque foram desenvolvidas, ao longo de anos de estudo, para o público-alvo que tem maior incidência de cada doença.
- Os imunizantes contra DT, Hepatite B e a Tríplice Viral são considerados vacinas universais por serem administradas em todas as fases da vida. A primeira é contra difteria e tétano, recomendada para crianças de um a menores de 7 anos de idade, tendo uma formulação também para adultos. A segunda, porém, pode ser administrada até os 30 dias de vida, quando criança, até a fase idosa. A última também é recomendada para crianças, adolescentes e adultos.
- A vacina contra a Influenza também é um importante imunizante contra complicações causadas pela gripe. Destinado a todas as idades, a vacina tem foco em grupos prioritários, como idosos, crianças de 6 meses a menores de 6 anos, gestantes, puérperas, trabalhadores da saúde, povos indígenas e quilombolas e professores. Em Belém, a Campanha Vacinação contra a Influenza foi prorrogada até dia 29 de novembro, segundo a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa).
- O adiamento ocorreu devido ao baixo percentual de cobertura vacinal, em 25% para uma meta de 90% entre os mais vulneráveis. A recomendação é se vacinar, evitando complicações da infecção respiratória. “A pneumonia é a doença oportunista que vem com a gripe. Basta você se desestabilizar em relação à gripe que aparece a pneumonia e, principalmente em pessoas idosas, desestabiliza quadros de doenças crônicas, como o diabetes. Ela desregula de tal forma que o corpo entra em colapso. O pulmão já desgastado pela idade é mais lento para identificar que está sendo agredido e a vacina vem para proteger os mais vulneráveis” finaliza Jaíra Ataíde, da Sespa.