Trayce Melo
No Brasil, 443 pessoas morrem a cada dia por causa do tabagismo. Por ano, esse número chega a mais de 161 mil mortes, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A OMS aponta ainda que no cenário mundial, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas anualmente, sendo o terceiro fator de risco para anos de vida perdidos ajustados por incapacidade. Em outras palavras, é a maior causa evitável isolada de adoecimento e mortes precoces em todo o mundo.
Ainda segundo as pesquisas, além do uso direto, as pessoas que convivem com fumantes em espaços fechados também estão expostas a riscos, são os chamados fumantes passivos. Cerca de 1,2 milhão de mortes são de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
Para conscientizar a população sobre o assunto, foi criado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado nesta terça-feira, 29. A médica e cirurgiã torácica Manuela Ortiz alerta sobre os riscos do cigarro. “O tabagismo é reconhecido como uma doença crônica, em decorrência da dependência à nicotina. Sendo um fator de risco para inúmeras doenças, como câncer de pulmão, câncer de laringe (cordas vocais); câncer na cavidade oral (boca); câncer de faringe (pescoço); câncer de estômago e outros, além de estar associado às doenças crônicas não transmissíveis, tais como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras”, adianta.
Segundo a médica, o tabagismo aumenta o risco das doenças cardiovasculares porque forma placas de gordura nos vasos sanguíneos, que aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca. “Alguns sinais clínicos podem ser cessados a pouco tempo do paciente parar de fumar. Já alguns pacientes que já não fumam mais há anos têm sintomas que aparecem tardiamente. Os pacientes que convivem com fumantes também têm alto risco de desenvolver essas doenças. É rotineiro ter pacientes que não fumam, mas convivem com fumantes e acabam desenvolvendo essas doenças”, explica.
Apoio
A especialista afirma que quem decide parar de fumar encontra bastante apoio, tanto na rede pública de saúde quanto na particular. O atendimento do Programa Nacional de Controle do Tabagismo é feito nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), com terapias de reposição de nicotina e apoio psicológico, e no Programa Saúde da Família. Na rede privada, é possível se tratar com profissionais de diferentes especialidades. “Mas isso não quer dizer que parar de fumar ou largar o cigarro seja uma tarefa fácil. Além de lutar contra a dependência química da nicotina, o fumante precisa de muita força de vontade, uma mudança permanente de comportamento e não ter uma recaída”, diz.
Viper
Já foi demonstrado em estudos que o uso de cigarros eletrônicos está diretamente relacionado ao aumento do risco de levar os jovens ao tabagismo, ao potencial de dependência e diversos danos à saúde. “O viper (cigarro eletrônico), eu digo que hoje é a moda que mais mata jovens. Esses cigarros eletrônicos causam os mesmos fatores de risco que o cigarro convencional e também têm nicotina e outras substâncias em sua composição. Esses jovens fazem uso abusivo que pode levar a problemas muito graves de saúde”, alerta a especialista.
Veja porque parar de fumar agora:
*Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.
*Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue.
*Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.
*Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.
*Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida.
*Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.
*Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.
*Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.
*Quanto mais cedo você parar de fumar, menor o risco de adoecer.
Fonte: Instituto Nacional de Câncer – Inca