A relação entre lesões ortopédicas e problemas urológicos é mais próxima do que muitos imaginam. O urologista Gilflávio Fernandes, que atua no Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), na Grande Belém, explica que, em casos de politraumatismo, o aparelho urinário — formado por rins, bexiga e uretra — pode ser comprometido, exigindo atenção médica imediata.
“O sistema urinário, assim como o esquelético, está sujeito a impactos em acidentes graves. Os rins, por exemplo, podem ser lesionados em traumas fechados, enquanto a bexiga e a uretra podem ser afetadas em fraturas de bacia ou deslocamentos da sínfise púbica”, detalha o especialista.
Sangue na urina, dificuldade ou impossibilidade de urinar e sangramento pela uretra são alguns dos sinais de alerta após um acidente, destaca o urologista. “O sangramento geralmente indica trauma renal. Já quando há lesão na uretra, o paciente pode não urinar de forma alguma ou apresentar pequenas perdas com sangue”, ressalta. Ele reforça que, nesses casos, não se deve realizar sondagem antes de exames específicos, para evitar o agravamento da lesão.
Atendimento integrado
Nos casos de urgência, a urologia atua em parceria com outras especialidades, destaca Gilflávio. “Nos traumas renais, a cirurgia geral costuma ser a primeira a intervir, mas, quando há lesões específicas em uretra, bexiga ou rim, o urologista trabalha junto com a ortopedia para reduzir sequelas”, explica.
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Embora não seja referência em urgência urológica, o Galileu recebe pacientes com doenças crônicas e complicações de traumas antigos. Entre as patologias mais atendidas estão cálculos renais, vesicais e ureterais, hiperplasia prostática benigna, estenose de uretra, varicocele, hidrocele e doenças que afetam o pênis, a bolsa escrotal e as glândulas suprarrenais.
O especialista ressalta que a unidade oferece cerca de 300 atendimentos mensais em urologia, entre consultas especializadas e procedimentos cirúrgicos, agendados por meio da Central Estadual de Regulação. “Nosso objetivo é garantir atendimento resolutivo e seguro, que ajude a melhorar a qualidade de vida dos pacientes e a prevenir complicações futuras”, finaliza Gilflávio.
Prevenção e cuidados pós-trauma
Além do atendimento emergencial e especializado, a prevenção desempenha papel fundamental para evitar complicações urológicas após acidentes. O acompanhamento médico regular, a fisioterapia e exames de imagem podem identificar alterações ainda no início. “A reabilitação adequada é essencial. Muitas vezes, o paciente acha que está recuperado da fratura, mas pequenas alterações no trato urinário podem evoluir silenciosamente. Detectar e tratar cedo evita sequelas graves”, alerta o urologista.
Outro ponto importante é a adoção de medidas preventivas no dia a dia, como o uso de equipamentos de proteção individual no trabalho e em atividades esportivas, além do respeito às normas de segurança no trânsito. Segundo Gilflávio, “reduzir o risco de acidentes é o primeiro passo para proteger não apenas ossos e articulações, mas também órgãos internos sensíveis, como rins, bexiga e uretra”.
Sobre o HPEG
Gerenciado pelo Instituto de Saúde Social e Ambiental da Amazônia (ISSAA), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG) dispõe de 104 leitos de internação e é referência em cirurgias ortopédicas de alta complexidade, incluindo reconstrução e alongamento ósseo. A unidade também realiza procedimentos de traqueia e urológicos.
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