No último domingo, 31, a apresentadora Ana Maria Braga revelou ao programa Fantástico, da Globo, sobre o câncer que teve por causa do vírus HPV, mais especificamente na região do ânus, cuja transmissão ocorre principalmente por contato sexual. Ela descobriu o câncer em 2001. “Tinha uma chance mínima de sobrevivência”, revelou Ana Maria na entrevista, que hoje está curada e usou seu testemunho para conscientizar as pessoas a se vacinarem.
Entre os sinais e sintomas para este tipo de câncer, é preciso ficar atento às alterações de hábitos intestinais e presença de sangue nas fezes, que são razões para consultar o médico. O sintoma mais comum é o sangramento anal vivo durante a evacuação, associado à dor na região do ânus. Outros sinais de alerta são coceira, ardor, secreções incomuns, feridas na região anal e incontinência fecal.
A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais, endoscópios ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença, ou de pessoas sem sinais ou sintomas, mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.
A cada ano surgem 700 mil casos novos de infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV) no Brasil, segundo estimativas do Ministério da Saúde. O vírus apresenta mais de 100 subtipos, os considerados oncogênicos têm maior risco de provocar infecções persistentes e desenvolver lesões que, se não tratadas, podem causar cânceres de colo de útero, ânus, vulva, vagina, pênis e orofaringe.
Os exames preventivos podem ser realizados em postos de coleta de exames preventivos ginecológicos do SUS, disponíveis em todos os estados e os exames são gratuitos.
Atualmente, há vacinas gratuitas nos postos de saúde para as crianças e adolescentes com idades entre 9 a 14 anos, considerados público-alvo. O objetivo é protegê-los antes da exposição ao vírus. O grupo prioritário também inclui pessoas com imunocomprometimento, vítimas de violência sexual e outras condições específicas, conforme disposição do Programa Nacional de Imunizações (PNI), podendo receber a vacina até os 45 anos.
Mesmo assim, a cobertura vacinal ainda é considerada baixa e está abaixo dos 80% da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde e boa parte deste cenário é atribuída à ação de grupos antivacinas que disparam notícias falsas desestimulando os pais e responsáveis a levar seus filhos para aplicar os imunizantes. Vale informar que para o público adulto, as vacinas estão disponíveis somente nas redes privadas, chegando a custar R$ 1 mil a dose.
DOSE
Nos últimos dias, o Ministério da Saúde anunciou uma nova estratégia de vacinação contra o HPV: a partir de agora, o esquema será em dose única, substituindo o antigo modelo em duas aplicações. Com isso, a pasta praticamente dobra a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no país. A ideia é intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao vírus.
A recomendação da dose única foi embasada em estudos com evidências robustas sobre a eficácia do esquema frente às versões com duas ou três etapas. Além disso, o esquema segue as recomendações mais recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a duração da eficácia da vacina foi comprovada até 14 anos. Vale ressaltar que ela está contraindicada para gestantes, indivíduos acometidos por doenças agudas e com hipersensibilidade aos componentes (princípios ativos ou excipientes) de imunobiológicos.
Após o início da atividade sexual a possibilidade de contato com o HPV aumenta progressivamente: 25% das adolescentes apresentam infecção pelo HPV durante o primeiro ano após iniciação sexual e três anos depois esse percentual sobe para 70%.
DADOS SOBRE O HPV
- O QUE É O HPV
O HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano), é responsável pela infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo. Está associado ao desenvolvimento da quase totalidade dos canceres de colo de útero, bem como a diversos outros tumores em homens e mulheres. Além disso, provoca verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus. O HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST).
- TIPOS DE TRANSMISSÃO
O HPV é transmitido por meio do contato pele a pele, mas é mais comumente transmitido por meio de sexo vaginal, anal ou oral com uma pessoa que tenha o vírus. A infecção do trato anogenital pelo HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum em todo o mundo.
O uso de preservativo durante toda a relação sexual ajuda a prevenir a infecção pelo HPV, mas não oferece proteção total porque não cobre toda a pele da área genital.
O HPV resiste à dessecação e à desinfecção, e consegue sobreviver por muito tempo na superfície dos objetos.
- SINAIS E SINTOMAS
A maioria das pessoas não apresenta nenhum sintoma de infecção por HPV. O sistema imunológico geralmente elimina o HPV do organismo em um ou dois anos.
Entretanto, alguns tipos de HPV causam diferentes tipos de lesões em homens e mulheres, desde verrugas no ânus e nos órgãos genitais até câncer do colo do útero, anal, vulvar, vaginal, de boca/garganta e peniano.
- TRATAMENTO
O tratamento das verrugas anogenitais consiste na destruição das lesões. Independentemente de realizar o tratamento, as lesões podem desaparecer, permanecer inalteradas ou aumentar em número e/ou volume.
- TIPOS DE HPV
Há dois grupos de HPV de transmissão sexual: de baixo risco e de alto risco.
Os tipos de HPV que causam câncer ou provavelmente causam câncer são denominados HPV de alto risco, e incluem os HPV 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 e 59.
O câncer do colo do útero é o tipo mais comum de câncer causado por HPV. O HPV 16 e o HPV 18 são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo uterino em todo o mundo. Quando os HPV 31, 33, 45, 52 e 58 também são incluídos, esses sete tipos são responsáveis por 90% dos casos de câncer do colo do útero.
Os HPV de baixo risco incluem o HPV 6 e o HPV 11, que causam 90% das verrugas anogenitais.
As mulheres podem ser infectadas por mais de um tipo de HPV ao mesmo tempo. Uma infecção persistente por HPV pode progredir para lesões pré-cancerosas e câncer do colo do útero.
FONTE: Ministério da Saúde e Organização Pan-Amazônica de Saúde