SAÚDE

Tire suas dúvidas sobre o AVC

Entre janeiro e junho deste ano foram registradas 3.164 internações por causa da doença no Pará. A prevenção inclui a adoção de hábitos saudáveis e a diminuição dos fatores de risco

Entre janeiro e junho deste ano foram registradas 3.164 internações por causa da doença no Pará. A prevenção inclui a adoção de hábitos saudáveis e a diminuição dos fatores de risco
Entre janeiro e junho deste ano foram registradas 3.164 internações por causa da doença no Pará. A prevenção inclui a adoção de hábitos saudáveis e a diminuição dos fatores de risco

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) afeta 15 milhões de pessoas no mundo todos os anos. A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) informa que em 2023 foram registradas 6.511 internações por AVC no Estado. Já em 2024, entre janeiro e junho, foram registradas 3.164 internações, segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) do Ministério da Saúde.

Existem dois tipos principais de AVCs. O AVC isquêmico ocorre quando o fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral é bloqueado, causando lesões na parte do cérebro afetada devido à falta de oxigênio e nutrientes. O AVC hemorrágico, por outro lado, ocorre quando há sangramento no cérebro devido ao rompimento de um vaso sanguíneo, como um aneurisma ou uma malformação arteriovenosa, afetando significativamente a função cerebral.

O neurologista e membro da Sociedade Brasileira de Neurologia e Neuroradiologia, Antonio Matos, destaca que uma das características principais do AVC é ser uma doença súbita, expressão utilizada para descrever eventos médicos agudos, inesperados e repentinos que requerem atendimento médico imediato. De acordo com o médico, há três sintomas que a população deve ficar atenta quando ocorrer simultaneamente e subitamente: fraqueza de um lado do corpo, alteração na fala e confusão mental. “As chances desses três sintomas ao mesmo tempo ocorrerem e resultarem em AVC podem chegar a 85%. Tendo esses sintomas, deve-se imediatamente procurar ajuda médica”, destaca.

Conforme explica o neurologista, o diagnóstico do AVC pode ser realizado por meio de avaliação médica para verificar a alteração no movimento do corpo e na fala e, também, com exames por meio de imagens com tomografia de crânio e/ou exame de ressonância magnética.

TRATAMENTO

De acordo com o médico, o tratamento envolve vários profissionais de diferentes áreas, como médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos. “Também há medicamentos que objetivam desobstruir vasos entupidos ou fechar algum ponto de sangramento”. O tempo de tratamento varia conforme a gravidade do caso e idade do paciente.

Um tratamento que pode ser promissor é a estimulação magnética cerebral profunda, que envolve a implantação de eletrodos em áreas do cérebro. Os eletrodos produzem impulsos que afetam a atividade cerebral. A pessoa recebe um dispositivo semelhante a um marca-passo sob a pele, na parte superior do tórax, que controla a quantidade de estimulação.

A estimulação cerebral profunda é utilizada para tratar várias doenças, incluindo a doença de Parkinson e a epilepsia. “A estimulação cerebral profunda não está atualmente disponível como um tratamento convencional para pessoas que tiveram AVCs, mas a pesquisa está em andamento para se tornar uma boa alternativa num futuro próximo”, afirma.

Caso tenha os sintomas, a recomendação é que o paciente deve procurar atendimento imediato em até quatro horas e meia. Após este tempo, o paciente corre o risco de ter sequelas irreversíveis caso não tenha uma intervenção médica a tempo. Em alguns casos, o paciente pode vir a óbito. “Entre as sequelas estão as físicas, com diminuição da capacidade de movimento, e as cognitivas, com prejuízo na fala e entendimento, e até psicológicas, com o paciente podendo apresentar depressão pós-AVC”.

As recomendações médicas para prevenir o AVC englobam a adoção de hábitos saudáveis de vida e diminuição dos fatores de risco. De acordo com Antonio Matos, é fundamental ter o controle do sedentarismo, da obesidade, do colesterol ruim, do consumo de açúcar, gordura e alimentos ultraprocessados, assim como evitar o fumo e controlar a pressão arterial.

  • “A adoção de hábitos saudáveis previne muitas doenças e o AVC é uma delas. É recomendável fazer anualmente um check up e adotar uma rotina de atividades físicas”, recomenda o neurologista.