Em todo o mundo, cerca de 2% a 5% dos adultos apresentam sintomas de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), como desatenção, hiperatividade e impulsividade. Um novo estudo americano mostra que cerca de 15,5 milhões de adultos nos EUA têm a condição e a maioria deles tem dificuldade para obter acesso ao tratamento.
Apenas cerca de um terço dos que relataram um diagnóstico de TDAH disseram ter recebido a prescrição de um medicamento no ano anterior e quase três quartos das pessoas com receita para um medicamento relataram dificuldade em obtê-lo porque o medicamento não estava disponível, segundo pesquisadores no Relatório Semanal de Morbidade e Mortalidade dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC).
As estimativas do estudo são baseadas em dados de pesquisa rápida do National Center for Health Statistics coletados entre outubro e novembro de 2023. Participaram da pesquisa, cerca de 7 mil adultos com 18 anos ou mais.
Um dos remédios citados é a anfetamina, comumente vendido sob a marca Adderall. Segundo os cientistas, as prescrições desse fármaco aumentaram desde o início da pandemia de COVID-19, mas a escassez deste e de outros medicamentos estimulantes afetou os pacientes que dependem deles.
No Brasil, o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) pode afetar até 7% da população. É um dos transtornos que afetam o neurodesenvolvimento mais comuns em crianças. Seu início é sempre na infância, embora ele possa ser identificado em alguns casos apenas de forma tardia, na adolescência ou na fase adulta. Na pesquisa, por exemplo, 55% dos portadores da condição disseram que foram diagnosticados quando adultos.
Os meninos são mais propensos a apresentarem TDAH. O distúrbio não tem cura, mas em alguns casos os sintomas podem melhorar na fase adulta. Porém, de 50% a 60% dos pacientes continuam a apresentar as manifestações do transtorno quando mais velhos.
Segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), um sinal de alerta é quando a criança manifesta ao menos seis sintomas de desatenção ou de hiperatividade e impulsividade, durante pelo menos seis meses e de forma inadequada para o seu nível de desenvolvimento.
No caso de maiores de 17 anos, ao menos cinco sintomas em uma das áreas já são suficientes. Nessas situações, é necessário buscar um especialista, como um psiquiatra, um neurologista ou um neuropediatra, que poderá fazer uma análise do caso e fornecer o devido diagnóstico.
Segundo a pesquisa realizada pelo CDC, as políticas de telessaúde implementadas durante a pandemia de COVID-19 expandiram o acesso ao diagnóstico e tratamento do TDAH. Quase metade das pessoas que participaram da pesquisa recorreram a serviços de telessaúde para cuidados relacionados ao TDAH.
O tratamento do TDAH geralmente envolve uma combinação de psicoterapia e medicamentos, como o metilfenidato (Ritalina) ou antidepressivos. Entre crianças, os remédios costumam ser evitados se possível, por serem pacientes que ainda estão passando por um processo de desenvolvimento.
Além disso, nessa faixa etária, pode haver a necessidade de uma equipe multidisciplinar, a depender dos sintomas. Crianças com problemas para se comunicar, por exemplo, podem precisar do acompanhamento de um fonoaudiólogo.
Reduzir o consumo de estimulantes, como açúcar e cafeína, e ter uma rotina de atividades físicas intensas também são práticas que podem ajudar no controle dos sinais. Mas somente o médico poderá indicar o melhor tratamento para cada paciente.
(AG)