RIO (AG) – Novo injetável em estudo promoveu uma queima de gordura cinco vezes mais rápida que Ozempic e Wegovy em ensaio clínico. O medicamento – atualmente chamado de VK2735 – foi desenvolvido pela empresa de biotecnologia da Califórnia Viking Therapeutics.
No ensaio clínico, os participantes que receberam uma dose elevada do medicamento uma vez por semana durante 13 semanas perderam em média 14,7% do peso corporal. Em comparação, os pacientes que injetaram Ozempic e Wegovy levaram 68 semanas para ver resultados semelhantes.
“Nosso plano é prosseguir agressivamente com o desenvolvimento clínico”, declarou o CEO da Viking, Brian Lian.
Os cientistas recrutaram 174 adultos com sobrepeso ou obesos com pelo menos uma comorbidade subjacente, como diabetes tipo 2, para o ensaio de fase 2 do medicamento. Entre eles, 140 injetaram VK2735 uma vez por semana durante 13 semanas, enquanto os 34 restantes receberam placebo e perderam apenas 1,7% do peso corporal.
Enquanto isso, os participantes que receberam uma dose de 10 miligramas de VK2735 relataram uma perda média de peso corporal de 12,9%, enquanto os voluntários que receberam a dosagem mais alta (15 mg) viram 14,7% do seu peso cair.
Assim como Ozempic e Wegovy, o VK2735 imita o peptídeo 1 semelhante ao glucagon, o hormônio que faz as pessoas se sentirem saciadas por mais tempo. No entanto, o injetável também imita o polipeptídeo insulinotrópico dependente de glicose, que retarda o movimento dos alimentos através do intestino.
Os participantes que tomaram VK2735 relataram efeitos colaterais, como vômitos e náuseas, embora não em níveis que tornariam a venda do medicamento proibitiva.
“A obesidade encontra seu adversário”: foi com esse título que a revista Science elegeu os análogos de GLP-1 como o “avanço de 2023”. A classe de medicamentos, à qual pertence o famoso Ozempic, teve início ainda nos anos 80 na busca por uma nova alternativa para diabetes. O destaque, porém, veio pela eficácia inédita para perda de peso, com números próximos aos da cirurgia bariátrica. Agora, ainda que o elevado custo e o estigma que envolve a obesidade sejam desafios, especialistas consideram que, pela primeira, a doença tem um oponente à sua altura.
Médicos celebraram a escolha da Science. Pontuam que a revista não se restringe a temas médicos, o que sublinha a relevância da decisão. Segundo a publicação científica, os remédios estão “remodelando a medicina, a cultura popular e até mesmo os mercados de ações globais de maneiras ao mesmo tempo eletrizantes e desconcertantes”.
Enquanto fármacos antigos proporcionavam uma perda de 6% a 8% do peso, os estudos mais recentes com a semaglutida (do Ozempic e do Wegovy) mostraram uma redução de 17,4%, após 68 semanas. Já a diminuição com a tirzepatida (do Mounjaro) chegou a 25,3% após 88 semanas. Ambos os trabalhos foram publicados na JAMA.