E é exatamente a segunda infecção que mais preocupa os especialistas em relação à dengue, pois a chance de desenvolver uma doença grave aumenta consideravelmente. Décadas de pesquisas apontam que uma das principais razões para esse risco aumentado é o próprio sistema imune. Durante a reinfecção, os anticorpos específicos para o sorotipo antigo até reconhecem e se ligam ao novo tipo, mas muitas vezes não são capazes de neutralizá-lo. Com isso, acabam fazendo o oposto, ajudando o vírus a entrar nas células e se replicar.
“Anticorpos que não neutralizam podem, na verdade, piorar o quadro da dengue. O mesmo ocorre com as células T: as células T de memória formadas na primeira infecção são reativadas na segunda e produzem uma resposta muito mais robusta, mas muitas vezes não conseguem matar as células infectadas. Isso pode contribuir para que o indivíduo fique mais doente”, diz a especialista em dengue e revisora científica do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) Anuja Mathew.
A dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, é causada por quatro sorotipos de vírus. A segunda infecção preocupa especialistas devido ao risco aumentado de doença grave. Durante a reinfecção, o sistema imunológico pode não neutralizar o novo vírus, contribuindo para complicações. Vacinas como a candidata do Butantan, tetravalente, são essenciais para evitar agravamentos.
A gravidade da doença pode ser influenciada pela genética do vírus e outros fatores, como comorbidades e nutrição. Em áreas endêmicas como o Brasil, onde a exposição é frequente, o risco de complicações é maior. Estudos mostram que o risco de doença sintomática na segunda infecção é 9,4 vezes maior, enquanto o de complicações graves é 23,7 vezes maior.