Comemorado em 27 de agosto, o Dia do Psicólogo é marcado pela lei que sancionou a Psicologia como profissão no Brasil, em 1962. Antes da regulamentação, a atual profissão era praticada principalmente através da orientação pedagógica nas escolas, a partir de diagnósticos infanto-juvenis e orientação dos responsáveis, além da atuação de clínicas. Impulsionado pela necessidade de garantia de reconhecimento social e autonomia acadêmica, a Psicologia segue tendo um papel crucial na saúde mental e no bem-estar individual e social.
De acordo com a psicóloga clínica Joelma Martins, o ser humano é um composto de partes interligadas, que englobam as áreas física, mental, psicológica, espiritual e social. O cuidado com a saúde mental, responsável pelo comando do organismo, afeta positivamente a saúde física e vice-versa. Sendo assim, uma mente fortalecida também proporciona equilíbrio e bem-estar ao físico.
Em contrapartida, a questão do cuidado à saúde mental ainda é envolta por muitos preconceitos. “Infelizmente cuidar da saúde mental ainda envolve estigma e preconceito para a maioria da população, gerando desconhecimento sobre como cuidar das emoções, do humor, dos limites, dos relacionamentos e autoconhecimento. Na maioria das vezes, a procura por profissionais de saúde mental ou a implantação de hábitos saudáveis ocorrem em situações críticas demonstrando negligência com o próprio bem-estar e qualidade de vida”, alerta a também neuropsicóloga.
A terapeuta considera que o desconhecimento é a maior negligência em relação ao bem-estar psicológico. Ao desconhecer os impactos do adoecimento psíquico, os pacientes priorizam o cuidado à saúde física, como, por exemplo, exames no coração e a atenção à alimentação, que pode gerar problemas com diabetes e colesterol. Por outro lado, na saúde mental não há exames concretos a serem feitos, sendo a avaliação clínica a principal forma de tratamento e diagnóstico.
“Vamos dar um exemplo: o sono é um sintoma de inúmeros transtornos, mas a pessoa não sabe disso.Nesses casos o que a pessoa faz? Se eu estou com problema de insônia, vou deixando, pode ser cansaço, preocupação. E isso vai aumentando o sofrimento, vai alterando a alimentação e pode ser um sintoma da mudança de humor, mas a pessoa não conhece, não sabe, acredita que pode ser algo passageiro. Acho que a maior negligência é porque nós não fazemos check-up emocional, nem mental. Ninguém vai ao psicólogo ou ao psiquiatra se não for por uma demanda específica de dor, de sofrimento”, revela Joelma Martins.
CUIDADO
Segundo a psicóloga, a terapia é uma das principais chaves para o autocuidado e o equilíbrio da saúde mental a longo prazo. “O autocuidado promove benefícios como fortalecimento da autoestima, hábitos adequados de sono, alimentação e atividades físicas, melhor manejo do estresse e necessidade de lazer e descanso. Já a psicoterapia é um lugar de escuta, acolhimento e cuidado, permitindo o autoconhecimento e a criação de estratégias práticas para lidar com diversas situações, seja no âmbito pessoal, social e profissional”, afirma.
Por isso, a negligência com as questões que envolvem a saúde mental podem ter consequências graves ao paciente. “Os impactos são avassaladores, uma vez que a negligência com a saúde mental afeta a produtividade, perda de vínculos sociais, desregulamentação emocional, declínio cognitivo, perda de memória e o surgimento de inúmeros transtornos mentais, como ansiedade, depressão, síndrome e fobias”, aponta.