Neste mês, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mobiliza o país em torno do Setembro Amarelo, campanha de prevenção ao suicídio. O objetivo é informar a população sobre sinais de alerta, incentivar o cuidado com a saúde mental e fortalecer a rede de apoio. A preocupação sobre o tema não se limita aos adultos, mas envolve crianças e adolescentes.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), entre 13% e 20% das crianças e adolescentes podem apresentar indícios de desordens comportamentais ou emocionais ao longo do desenvolvimento. Isso inclui tristeza constante, isolamento e queda no rendimento escolar, sinais que merecem atenção dos pais e responsáveis. “A infância também é atravessada por emoções intensas. Só que, ao contrário dos adultos, as crianças não conseguem expressar com clareza que estão ansiosas, tristes ou sobrecarregadas. Por isso, o sofrimento emocional costuma aparecer por meio do comportamento”, explica o psicólogo da Hapvida, Fabrício Vieira.
Outros sinais de alerta incluem: irritabilidade fora do padrão, choro frequente, perda de interesse em atividades que antes geravam prazer, dificuldades de sono, alterações no apetite, recusa escolar e comportamentos de isolamento. “Uma criança que costumava ser ativa e começa a evitar o convívio com outras, que deixa de brincar, não quer ir à escola ou passa a apresentar queixas físicas frequentes, como dor de barriga ou dor de cabeça, pode estar pedindo ajuda de forma silenciosa”, destaca o psicólogo.
O especialista pontua que as escolas e os educadores também possuem um papel importante na identificação dos distúrbios e o trabalho em conjunto com as famílias é a chave para garantir o suporte necessário. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada sete adolescentes sofre de algum tipo de transtorno mental, principalmente ansiedade e depressão. “Assim como cuidamos da alimentação, da vacinação e do crescimento, é essencial cuidar das emoções. Promover conversas saudáveis, respeitar os sentimentos da criança e oferecer apoio afetuoso são atitudes que protegem e fortalecem”, finaliza Fabrício Vieira.