“Para mim é muito gratificante porque a minha filha foi a primeira criança operada e com essa tecnologia avançada. Eu estava esperando tanto por essa cirurgia e eu só tenho a agradecer a Deus e aos profissionais, que fizeram a cirurgia e tenho fé em Deus que não vai beneficiar só a minha filha mais muitas crianças”.
A afirmação é de Vanete Santos, mãe de Yasmim, de um mês e meio, que foi a primeira das sete crianças beneficiadas com a cirurgia com o neuroendoscópio flexível para a correção de hidrocefalia. O equipamento, de uso inédito na Região Amazônia, foi utilizado na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP), no Mutirão de Hidrocefalia Infantil na Amazônia, promovido, neste mês de junho, pelo projeto internacional NeuroKids, com o apoio do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Saúde do Pará (Sespa).
“Esse é um projeto mundial criado pelo professor Benjamin Warf, da Universidade da Harvard, referência mundial em neurocirurgia pediátrica, que foi quem desenvolveu essa técnica como uma forma de substituir as derivações ventrículo peritoneais (válvulas) e ensina em vários países a técnica da neuroendoscopia flexível. Esta técnica tem um impacto social e econômico enorme, pois reduz o índice de complicações, os dias de internação, apresenta menor tempo cirúrgico, melhora o prognóstico, sendo excelente pra criança e também apresenta grande repercussão econômica, com redução de custos, possibilitando ampliar o atendimento para mais pacientes. Já tivemos um impacto enorme com as cirurgias realizadas em São Paulo e agora acredito que teremos um impacto ainda maior na Região Amazônica”, afirma a cirurgiã pediátrica Giselle Coelho, representante do projeto no Brasil, e que participou do mutirão realizado na Santa Casa.
Neste primeiro mutirão, realizado na Santa Casa, sete crianças com hidrocefalia passaram pelo procedimento durante cinco dias. A neurocirurgiã Simone Rogério, responsável técnica pela neurocirurgia pediátrica na Santa Casa, ressalta a importância do mutirão, tanto para os pacientes, quanto para os profissionais treinados na nova técnica durante a realização das cirurgias.
“Foram selecionadas crianças com hidrocefalia de várias causas. Nós já usamos a neuroendoscopia nas cirurgias neurológicas na Santa Casa do Pará, mas com o endoscópio flexível é possível ampliar a faixa etária que podemos operar, realizando o procedimento em crianças em idade menor. A técnica dá a possibilidade de mais crianças ficarem sem as válvulas, evitando o uso do dispositivo que pode ter complicações mecânicas ou infecciosas. E para nós, como cirurgiões e toda a equipe, é um upgrade na neurocirurgia receber o treinamento para a utilização dessa técnica de neuroendoscopia flexível”, considera Simone Rogério.
O presidente da Santa Casa, Bruno Carmona, deu as boas vindas à equipe do projeto e também destacou a importância para a instituição em estar recebendo uma ação tão inovadora e benéfica para os pacientes.
“É uma satisfação para a Santa Casa estar recebendo mais uma ação que vem para promover mais qualidade de saúde à população de todo o Estado, oferecendo a técnica mais avançada que existe no mundo aos pacientes de hidrocefalia. Um projeto que contou com o apoio irrestrito da Secretaria de Saúde e do Governo do Estado”, afirmou o gestor público.
A neurocirurgiã representante do projeto no Brasil, Giselle Coelho, explica que a seleção da Santa Casa do Pará para dar início aos mutirões na região amazônica se deu em função de critérios técnicos e também relacionados ao perfil e demanda dos pacientes.
“A escolha da Santa Casa do Pará em Belém e da neurocirurgiã Simone Rogério como representante na região amazônica foi baseada em critérios técnicos, pois ela é uma profissional experiente e capacitada. Outro critério é o volume grande de casos e crianças que podem ser beneficiadas. É um projeto que vai mudar a vida dessas crianças, evitando complicações futuras, trazendo mais qualidade de vida, enfim uma melhoria global na assistência médica”, resume a médica.