Uma sandália confeccionada em juta, com ação repelente contra o Aedes aegypti (mosquito que transmite dengue, zika e chikungunya), pode proteger quem está usando o calçado e também pessoas próximas, a até um metro de altura e sete metros de distância. A inovação foi desenvolvida na Tanzânia e adaptada para a realidade brasileira pelo biólogo Tales Batista Ribeiro durante seu mestrado no Programa de Pós-graduação em Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG.
O trabalho foi orientado pelo professor Álvaro Eiras, coordenador do Laboratório de Inovação Tecnológica e Empreendedorismo no Controle de Vetores (Lintec). Na primeira etapa, a pesquisa contou com financiamento da Usaid, agência de fomento dos Estados Unidos, e do Ifakara Health Institute (IHI), da Tanzânia. Este último foi viabilizado com a contribuição da pesquisadora Elis Paula de Almeida Batista, coorientadora da pesquisa. Ela foi uma das vencedoras do Grande Prêmio UFMG de Teses, em 2020, pelo desenvolvimento de uma nova armadilha de captura do mosquito transmissor da malária.
Agora no doutorado, Ribeiro dá continuidade à pesquisa das sandálias repelentes contra o Aedes aegypti com financiamento da Fundação de Apoio da UFMG (Fundep). Para avaliar o efeito da substância usada nas sandálias – um tipo de inseticida que não pode ser mencionado em razão do sigilo do trabalho –, o pesquisador realizou testes em laboratório e no chamado semicampo, que se aproxima de uma situação real, mas tem algumas condições controladas, como temperatura e umidade. Os mosquitos foram soltos dentro de uma estufa de tela, com voluntários que usavam protótipos dos calçados impregnados com diferentes concentrações do repelente.
Os insetos usados nos experimentos são criados em laboratório. “Assim temos a certeza da idade do mosquito, do estágio fisiológico dele e, o mais importante, a garantia de que não esteja com um vírus que vá transmitir uma doença. Quando vamos começar uma nova colônia, pegamos os mosquitos e fazemos um teste de PCR, para ver se tem dengue, zika ou outro vírus, e também para garantir essa segurança”, explica.
Fonte: UFMG