O costume de dar “aquela caprichada” no sal não é novidade. O problema é que esse hábito tem colocado a saúde dos brasileiros em risco. Para adultos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda menos de 2000 miligramas (mg) por dia de sódio – equivalente a menos de 5 gramas/dia de sal –, ou pouco menos de uma colher de chá; contudo, a ingestão média diária de sal no país chega a 9,3 gramas.
O médico nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran) e fellow da The Obesity Society (TOS), dos Estados Unidos, faz um alerta: “a curto prazo, o consumo excessivo favorece a retenção hidrossalina e aumento da pressão arterial. A médio e longo prazos, a hipertensão persistente aumenta o risco de doença cardiovascular, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência renal”.
Esse risco está não só no saleiro da cozinha, mas também em itens como embutidos, molhos prontos, temperos industrializados, macarrão instantâneo ou salgadinhos.
“O grande problema é que esse sal não deixa de ser uma ameaça silenciosa. Muitas vezes as pessoas não leem a embalagem, e o alto teor de sódio está na rotulagem. Além de ultrapassar os limites, você ainda pega o saleiro e joga em cima. Vai suprir mais de 100% da necessidade do limite diário em uma única porção”, afirma.
“No arroz vai sal, no feijão também. E tem quem some isso aos embutidos, salgadinhos, congelados, sopas prontas. Um estudo de 2019 mostrou que 64% dos pacientes cardiovasculares já consumiam sódio acima do recomendado”, destaca Durval.
A presença de alertas como “alto teor de sódio” nos rótulos deve acender um sinal a ser levado a sério pelo consumidor. Como alternativa, ele sugere o uso de sais, como o light e diet, com 50% menos sódio e 50% mais potássio, que são aliados no controle da pressão arterial. Apesar de apresentarem um sabor um pouco mais suave, são opções importantes, principalmente para quem já convive com a hipertensão.
Outra armadilha, segundo ele, é acreditar que trocar o sal de cozinha por versões como o sal rosa ou sal do Himalaia resolveria o problema. “Todos têm sódio, na mesma concentração”.
Os sinais de que o corpo está recebendo mais sódio do que deveria podem ser sutis, mas são perceptíveis. “Uma dessas condições é o inchaço por retenção de líquidos. Também aparece uma sede mais intensa, cansaço, fadiga, astenia e dores de cabeça, principalmente relacionadas a hipertensão”.