A procrastinação é o ato de deixar para depois uma ação que poderia ou não ser facilmente realizada. Porém, adiar intencionalmente uma tarefa que precisa ser feita, substituindo-a por outras atividades menos importantes ou simplesmente não fazendo nada, pode gerar consequências negativas, afetando a saúde mental, o desempenho profissional e até a qualidade de vida.
De acordo com a psicóloga clínica, mestra em Desenvolvimento Humano e docente de graduação e pós-graduação de psicologia clínica e da saúde, Mariana Mendonça, a razão mais comum para a pessoa procrastinar é o prazo distante de entrega para alguma tarefa.
“A procrastinação geralmente envolve consequências aversivas para o indivíduo porque quanto mais ele adia o início da execução dessa tarefa, mais ansioso e angustiado ele fica quando se aproxima do prazo para poder entregá-la”.
Além de ter sensações emocionais como angústia, ansiedade e medo, a pessoa procrastinadora também pode experimentar sensações que são fisiológicas, como insônia ou alguma alteração no comportamento alimentar.
“Você fica extremamente ansioso porque chegou a véspera de entregar a tarefa e a pessoa que procrastina começa a apresentar um episódio de compulsão alimentar para ter uma satisfação mais imediata diante do sofrimento que está tendo. Então, você pode ter alterações tanto fisiológicas quanto agregar diversos sentimentos e emoções que são ruins”.
Mendonça explica que é complexo ter um controle adequado sobre o ato de procrastinar, porque ele concorre com várias experiências que podem ser muito mais prazerosas, como assistir a uma série da qual é fã, em vez de terminar a demanda necessária que precisa concluir.
Para que você não corra o risco de entrar em um esquema de procrastinação, o ideal é programar-se para executar a demanda em pequenas partes até concluir o trabalho. Ou seja, é importante ter planejamento. “Quando você antecipa a produção daquilo que é obrigatório, você reduz a probabilidade de sofrimento e de adoecimento físico”.
Tanto a ansiedade quanto o estresse são fatores que vão potencializar as consequências da procrastinação, podendo ser mais difícil para o indivíduo começar a execução de uma tarefa estando desgastado ou preocupado com outras questões. “Se ele já estiver atrasado dentro daquilo que ele avalia ser um prazo adequado para executar a tarefa, se o indivíduo estiver passando por estresse e ansiedade a probabilidade do sofrimento dele ser maior, tanto emocional quanto físico, é de fato alarmante”.
O momento de procurar ajuda profissional em relação a esse comportamento é quando a pessoa começa a ter baixa de desempenho, como em notas escolares e produtividade no trabalho.
Mendonça explica que estresse e ansiedade não podem ser entendidos como algo normal do cotidiano atarefado. “Não devemos entender que esse é o novo estilo de vida. Se você observa que o seu sofrimento para poder executar aquilo que são as suas obrigações está mais exacerbado, é um bom momento para você se antecipar e começar a se cuidar antes que isso afete diretamente a sua produtividade”.