Pará - O papel do doador voluntário de sangue é essencial para a manutenção da vida e o funcionamento adequado dos sistemas de saúde. Isso porque um gesto simples pode salvar até quatro vidas, sendo responsável pela sobrevivência de milhares de pacientes todos os dias. No Pará, o Hemopa é o órgão gestor pela política do sangue e tem responsabilidade de compartilhar com a sociedade a temática da doação sanguínea.
De acordo com Juciara Farias, assistente social e gerente de captação de captação de doadores da Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), a doação de sangue é uma atitude que deve ser realizada de forma permanente, já que centenas de pacientes dependem disso para o restabelecimento da saúde. A doação só é possível através de um trabalho sistemático feito por meio da captação de doadores.
“Essa é a história do Hemopa na hemoterapia, é fazer com que todos os dias tenhamos estoque de sangue para que os pacientes atendidos tenham a melhora da sua saúde com a bolsa de sangue”, afirma Juciara.
É de responsabilidade do Hemopa o abastecimento de toda a hemorrede do Pará. Significa que o órgão atende, em média, 200 hospitais em Belém, além de todos os demais municípios do estado, através de uma política de descentralização das coletas. Para isso, o centro conta com unidades regionais em Castanhal, Marabá e Santarém, além dos chamados hemonúcleos em Abaetetuba, Capanema, Redenção, Tucuruí e Altamira.
“O sangue é utilizado para tratamento de pacientes com doenças que dependem do sangue, como doenças hematológicas, oncológicas, acidentes, cirurgias. Inclusive, não só no Estado do Pará, mas de maneira nacional, a gente tem tido uma utilização de sangue muito grande para os hospitais que trabalham com trauma, que recebem pacientes com acidente de moto, com acidente de carro”, esclarece a assistente social.
Ao doar sangue, a pessoa contribui com uma bolsa de sangue total, com 450 mililitros. Composto por vários componentes, a destinação é feita a partir da necessidade do paciente, sejam hemácias, plaquetas, plasma e crioprecipitado. “Com toda tecnologia, o Hemopa, no seu laboratório de fracionamento, faz a separação dos componentes. O sangue é destinado para os hospitais para cada necessidade. Um exemplo, o paciente que está com anemia precisa de hemácias. A gente manda só as hemácias para esse paciente. Se alguém está com uma queimadura e precisa de plaquetas, a gente manda só a plaqueta. Por isso que a gente fala que uma bolsa de sangue pode ajudar até quatro pacientes”, explica Juciara Farias.
DOAÇÃO
Ao chegar ao Hemopa, o doador passa por cinco etapas: cadastro, pré-triagem, triagem, coleta e o lanche. Para fazer a doação, é necessário que a pessoa tenha entre 16 a 69 anos, com peso a partir de 50 quilos, uma boa condição de saúde e portar documento de identificação com foto (RG, CNH ou carteira de trabalho). Além disso, é preciso estar bem alimentado, sendo vedado a doação às pessoas que estão em jejum.
“É necessário trazer a solidariedade no coração e ser referência no seu grupo como agente multiplicador dessa boa prática. Então, a gente pede que cada pessoa que vem aqui no Hemopa fazer a sua doação sirva como referência nos grupos virtuais, presenciais, mas que estejam estimulando outros a terem essa mesma atitude”, pede Juciara.
Após a doação, é necessário ficar de repouso e não fazer atividades que exijam grandes esforços, principalmente com o braço que foi retirado o sangue. A alimentação deve ser regular, com o reforço de ingestão de líquidos.
Há quase dez anos, o publicitário Augusto Gomes, 29, é doador voluntário e regular de sangue. A cada dois meses do ano, janela de reposição dos componentes do fluido, ele comparece ao Hemopa para realizar nova coleta, seja para algum paciente específico ou destinado ao banco de sangue do órgão. Para ele, a doação sanguínea tem alta relevância social.
“Eu comecei a doar por causa da importância social. Cada bolsa consegue ajudar até quatro pessoas, então eu entendo a importância disso e graças a Deus sou saudável, então por que não? Sempre que eu posso, venho doar. Tento direcionar para um paciente específico, como foi o caso de hoje, mas se não tiver ninguém conhecido precisando, eu faço a doação espontânea. Eu acredito que é uma forma de gratidão pela vida, a gente pode reconhecer que é saudável e poder fazer alguma coisa pelo próximo é uma forma de ser grato também”, disse.
A contadora Luciana Luz, de 53, doou pela primeira vez. A circunstância fez a necessidade. Com uma pessoa conhecida passando por dificuldades de saúde, ela decidiu fazer a boa ação para ajudar na reabilitação do paciente. Segundo ela, a doação foi um ato de ajuda e gratidão pelas vida e boas condições de saúde.
“Eu sou de Fortaleza, e quando cheguei aqui uma pessoa me apoiou muito. É para uma pessoa da família dela que está precisando. Eu senti que precisava retribuir o favor que eles fizeram e vim doar. Se precisarem outra vez, venho doar sim. Eu acho que a gente não sabe o dia de amanhã, do mesmo jeito que alguém precisou, eu, um dia, posso precisar. Então, acho que é uma retribuição que você faz da sua saúde, do seu trabalho. É uma forma de gratidão”, afirmou.