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Psicóloga explica o luto coletivo após queda de avião em Vinhedo

REPRODUÇÃO/INTERNET
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A recente tragédia em Vinhedo, que resultou na queda de um avião com 62 pessoas a bordo em um condomínio no bairro Capela, deixou a comunidade em luto profundo. A psicóloga clínica Beatriz Brandão oferece uma análise sobre o impacto emocional e psicológico desse evento devastador e apresenta orientações sobre como enfrentar o luto coletivo.

Beatriz Brandão explica que a perda de tantas vidas de forma abrupta e inesperada provoca um impacto emocional intenso. “O choque inicial pode ser paralisante, seguido por uma mistura de negação, desespero e tristeza profunda”, diz Brandão. Ela destaca que, após um evento traumático como esse, reações comuns incluem choque, incredulidade, raiva e uma sensação de vazio. “A negação é um mecanismo de defesa frequente, onde as pessoas têm dificuldade em aceitar a realidade da perda. Com o tempo, a tristeza e o luto se instalam, muitas vezes acompanhados por sentimentos de culpa.”

Brandão recomenda que as famílias permitam-se sentir a dor e busquem apoio emocional. “O luto é um processo pessoal que requer tempo e espaço. É essencial buscar suporte de amigos, familiares ou profissionais de saúde mental. A terapia pode ajudar a processar emoções intensas e evitar que o trauma se agrave. Grupos de apoio também podem ser muito úteis.”

O apoio à comunidade e aos familiares deve ser uma prioridade. “Esse suporte pode incluir serviços de aconselhamento psicológico, vigílias e cerimônias para honrar as vítimas, e espaços onde as pessoas possam expressar suas emoções”, enfatiza Brandão. Ela ressalta que a resiliência comunitária é crucial para superar o trauma coletivo.

O luto coletivo é desafiador porque a perda é compartilhada por muitas pessoas ao mesmo tempo, amplificando a dor. “É importante que cada pessoa viva o luto de forma única e pessoal, sem comparações ou pressões externas”, observa Brandão.

Importância da Ajuda Psicológica

Buscar ajuda psicológica é essencial após uma tragédia dessa magnitude. “Um profissional de saúde mental pode ajudar a navegar pelas emoções e prevenir o desenvolvimento de transtornos psicológicos mais graves”, afirma Brandão. Ela destaca que a terapia pode ser uma ferramenta valiosa para encontrar resiliência e recuperação emocional.

A superação de um trauma coletivo depende da união da comunidade. “Organizar eventos comunitários, como vigílias e grupos de apoio, pode ser extremamente benéfico. A solidariedade e o apoio mútuo são fundamentais para a recuperação da comunidade após uma tragédia devastadora”, conclui Brandão.

 

Sobre Dra. Beatriz Brandão

Psicóloga Clínica – CRP: 06/1259. Mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP e especialista em Psicoterapia de Adultos, Psicofarmacologia, Psicodiagnóstico e Psicopatologia. Com 9 anos de experiência clínica e 11 anos em recursos humanos, Beatriz é reconhecida por seu trabalho com transtornos de humor, ansiedade e personalidade. Desenvolvedora de programas de saúde mental corporativa e palestrante, é autora dos livros “Quem Sou Eu” e “Puxão de Orelha – Isso Não é Autoajuda”.