Cintia Magno
Um estudo publicado recentemente na revista científica Lancet Rheumatology alerta que, em 2050, 843 milhões de pessoas sofrerão com dores nas costas, sobretudo por lombalgia, como é chamado o problema que atinge a região lombar da coluna. Caso se concretize, a estimativa significaria um aumento de 36% em relação aos casos registrados em 2020, quando foram registrados aproximadamente 619 milhões de casos mundiais de lombalgia. De maneira geral, os problemas na coluna são uma preocupação importante para a saúde na vida moderna.
O ortopedista e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Jean Klay dos Santos Machado, aponta que a lombalgia funcional está entre os problemas de saúde mais comuns na região da coluna. “A lombalgia funcional é uma lombalgia, ou seja, uma dor na coluna lombar, que é a coluna mais baixa, normalmente por desequilíbrio da musculatura”, explica. “Também um outro problema comum na coluna são as lombalgias posturais, aquelas que têm uma relação com a má postura, tanto na hora de andar, trabalhar, dormir. Doenças propriamente ditas, as mais comuns são as hérnias de disco, as espondiloartroses e isso pode acometer qualquer uma das colunas, com destaque para a coluna lombar e, em segundo lugar, para a região cervical, que é a região do pescoço”.
Para além do processo natural de envelhecimento do corpo, o ortopedista destaca que outros fatores podem levar ao surgimento de problemas na coluna, tais como a falta de exercício, o excesso de peso e a má postura durante o dia a dia, desde dormindo até trabalhando. “Uma sobrecarga, tanto de exercícios quanto de trabalho. Isso pode gerar dor na coluna também. E o estresse do dia a dia, sem dúvida, ele é hoje considerado um dos principais fatores relacionados a dores em geral, e com a coluna não é diferente”, considera, ao apontar os sintomas da doença. “Os principais sinais de alerta para as doenças na coluna estão relacionados a uma anestesia, que chamamos de sensação de anestesia em sela, que pega toda a região do períneo, uma perda de força, importante, por um período prolongado em um dos membros, esse é um sinal de alerta. Outro sinal também é a perda do controle esfincteriano, seja ele para urina ou para as fezes”.
Prevenção passa pelo controle de peso e exercícios físicos
Para que tais quadros sejam evitados, algumas medidas podem contribuir com a prevenção ao aparecimento de doenças na coluna. Entre elas está o controle do peso, a realização de atividade física regular, principalmente pautada em fortalecimento da musculatura abdominal, a musculatura que corre do lado da coluna, a musculatura dos quadris e também das coxas.
Além disso, o ortopedista Jean Klay dos Santos Machado também cita o cuidado com a postura, seja na hora de dormir, seja na hora de trabalhar, já que posturas viciosas geram pontos de sobrecarga que também podem gerar dor no paciente. “A dor na coluna, sem dúvida, é um problema de saúde pública. É só levar em consideração que a estatística diz que, ao longo da vida, entre cada 10 pessoas, cerca de 8 ou 9 terão algum tipo de dor na coluna e, sem dúvida, é uma das principais causas de afastamento do trabalho, então existe uma preocupação muito grande”, alerta.
“Por isso, as medidas devem ser fundamentalmente de prevenção e, mediante a presença de uma doença ou de um problema, você procure um médico titulado da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia para que ele possa fazer o diagnóstico adequado e iniciar o tratamento o mais rápido possível”.
FIQUE POR DENTRO – DOR LOMBAR
A dor lombar, também conhecida como lombalgia, ocorre na parte inferior da coluna vertebral e está entre as dores mais comuns entre homens e mulheres nas diferentes fases da vida. Ela é causada geralmente por uma lesão em um músculo. As dores lombares são classificadas como agudas ou crônicas. O que as diferencia é o tempo de duração.
Principais fatores
Levantamento de peso de maneira inadequada;
Falta de exercícios físicos regulares;
Obesidade;
Doenças reumáticas;
Envelhecimento;
Postura viciosa e esforço físico;
Hábitos incorretos de postura ao deitar, sentar ou realizar qualquer atividade do dia a dia, no trabalho e lazer;
Fatores emocionais também podem estar relacionados.
Sintomas
A dor é o sinal primário de lombalgia. Confira a seguir alguns dos principais sintomas:
Dor que se inicia de maneira súbita na região lombar;
Irradiação ocasional da dor para os glúteos e/ou coxas, até os joelhos;
A dor nas costas é pior que a das coxas;
A dor se agrava com o movimento, ao sentar-se, parar, levantar objetos ou inclinar-se;
A dor é aliviada com o repouso e calor;
Há antecedentes de fatores psicológicos e laborais estressantes;
Em alguns casos, existe antecedente de lesão mecânica ou história de trauma (com ou sem fratura).
Fonte: Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).