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Previna-se das doenças sazonais

Caio Brito diz que período favorece aparecimento de doenças

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Caio Brito diz que período favorece aparecimento de doenças FOTO: Divulgação

Cintia Magno

As mudanças provocadas pelo clima podem impactar diretamente a ocorrência das chamadas doenças sazonais, como são classificadas as doenças cuja incidência aumenta de tempos em tempos. Nas regiões em que as estações do ano não são tão bem definidas, como é o caso do Estado do Pará, é o período de maior ocorrência de chuvas que acaba ditando as regras das doenças sazonais mais registradas.

O doutor em virologia, professor da Universidade do Estado do Pará (Uepa) e da Universidade Federal do Pará (UFPA), e médico do Hospital Jean Bitar, Caio Botelho Brito, considera que o conceito de doença sazonal é bastante amplo, mas que, de maneira geral, estas podem ser classificadas como doenças que aparecem de período em período. “Não é que elas não apareçam no período menos comum delas, elas aparecem também, porém, existem fases do ano em que elas acometem mais pessoas”, explica.

Considerando as quatro estações existentes no ano, o médico usa o exemplo das doenças que são mais comuns no período do inverno. Por ser o período em que as pessoas costumam ficar mais concentradas em ambientes fechados, o que favorece a disseminação das doenças respiratórias, o inverno acaba registrando uma maior ocorrência de doenças provocadas por vírus respiratórios. “. Então, a chuva em si tem elementos poderosos como alagamentos, o excesso de água parada e, além disso, também ocasiona uma aglomeração da população para se proteger da chuva ou por evitar ambientes abertos, então, a chuva dita muito as regras das nossas doenças sazonais”.

VACINA

No grupo das doenças respiratórias, existem aquelas que são comuns no mundo todo, com é o caso da Influenza, da própria Covid-19, do Adenovírus e demais vírus respiratórios. Para muitas delas, o médico reforça que a principal medida de prevenção é a vacinação. “Muitas das infecções respiratórias que nós temos têm vacinas para prevenir os quadros graves, então, vamos ficar atentos aos calendários vacinais”.

Já no caso das doenças não respiratórias, existem algumas especificações. “No caso das doenças diretamente veiculadas pela água, como nós temos uma situação de saneamento básico que precisa ser assistida e como tem o transbordamento seja de lixo ou do esgoto, temos algumas doenças que são transmitidas pela água. Um exemplo muito comum é a leptospirose”.

O médico explica que o agente da leptospirose fica no rato que, ao urinar nas ruas ou em locais de acúmulo de água, é transmitido pela água. “Se a pessoa tiver uma ferida, ou se ela estiver machucada ou com alguma porta de entrada nos pés e pernas e andar na região alagada que tenha o agente da leptospirose, provavelmente pode desenvolver o quadro da doença”.

Já no caso das Arboviroses, a transmissão ocorre, em muitos casos, por intermédio dos mosquitos e a relação com o acúmulo de água. “Quando nós temos o período chuvoso, nós acabamos tendo sedimentação dessa água e temos pequenos poços de água espalhados. Aí a fêmea do mosquito acaba botando os ovinhos dela nessas poças e nós temos um aumento da população desses vetores, desses transmissores que são os mosquitos”, relaciona.

“Como a fêmea vai se alimentar do sangue, ela pica muito mais também nesse período. Com isso, ela transmite vários vírus. Um deles é o da Dengue, outros são o Zika, Chikungunya, a Febre Amarela. Então, nós temos doenças sendo transmitidas pela picada de mosquitos nesse período chuvoso pelo aumento da população de mosquitos e, consequentemente, pela quantidade de água parada que vai estimular esse aumento dessa população”.

 

Cuidados

Prevenção

  • O período de maior ocorrência de chuvas demanda atenção já que ele costuma vir acompanhado de uma mudança tanto no padrão de comportamento da população, quanto dos fluxos estruturais da cidade, o que aumenta as chances de transmissão de doenças sazonais como as doenças respiratórias e Arboviroses como a Dengue, o Zika e a Chikungunya.
  • No caso das doenças respiratórias, a melhor forma de preveni-las é mantendo a higiene, fazer a lavagem das mãos, proteger sempre as vias aéreas e, se tiver algum sintoma respiratório, evitar ficar em locais aglomerados. Em muitos casos, também existem vacinas disponíveis gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
  • No caso das doenças não transmissíveis pela via respiratória, o ideal é não andar em regiões alagadas de forma desprotegida, ou seja, com os pés e pernas desprotegidos; evitar tomar água de origem questionável, que você não tem certeza se foi adequadamente tratada; evitar o acúmulo de água parada que possa servir de criadouro de mosquitos ou de insetos.

FIQUE ATENTO

  • É importante estar atento aos sinais de alerta para identificar quando é necessário buscar um atendimento de emergência diante do acometimento pelas doenças sazonais.

O médico Caio Botelho Brito considera que a primeira questão a ser observada é a própria característica da pessoa: quando se tratar de uma pessoa idosa, imunodeprimida ou de crianças menores de cinco anos de idade, sempre, diante de qualquer início de sintoma, deve-se procurar atendimento médico, já que esses pacientes já têm uma característica que pode facilitar o desenvolvimento de um quadro mais delicado.

Outros sinais dependerão muito da doença apresentada, mas, no geral, é preciso ficar atento e buscar o atendimento de emergência:

  • Se a pessoa começa a ficar lenta, muito sonolenta ou muito cansada;
  • Se ela apresentar um mal-estar muito grande relacionado à dor ou à sensação de não estar bem;
  • Quando apresentar diarreia, vômito ou qualquer sangramento. Manchas na pele também são sinais de alerta.