ACOMPANHAMENTO

Prematuros: O apoio psicológico que as mães precisam

Saiba como o acompanhamento psicológico pode ajudar mães de bebês prematuros. Cuide de sua saúde mental e fortaleça a relação com seu bebê.

Nielly recebeu apoio psicológico da equipe da Santa Casa de Misericórdia de Tucumã, o que foi essencial para sua recuperação emocional
Nielly recebeu apoio psicológico da equipe da Santa Casa de Misericórdia de Tucumã, o que foi essencial para sua recuperação emocional Foto celso Rodrigues/ Diário do Pará.

Mães de bebês prematuros enfrentam uma jornada emocional desafiadora e muitas vezes debilitante. Elas estão mais propensas a desenvolver transtornos como ansiedade e depressão devido a uma série de fatores, como a cobrança interna, as incertezas sobre a saúde do bebê e a pressão do ambiente hospitalar. O acompanhamento psicológico torna-se fundamental não apenas para ajudar na gestão do estresse, mas também para fortalecer o vínculo mãe-filho, um aspecto essencial para o desenvolvimento da criança e o bem-estar da família.

Um bebê prematuro é aquele que nasce antes das 27 semanas de gestação, sendo que o período normal de gestação é de 40 semanas. Após o nascimento, esses bebês geralmente são encaminhados a incubadoras para concluir o processo de desenvolvimento fora do útero materno. Devido à sua fragilidade física, esses bebês apresentam grandes riscos à saúde e muitas vezes lutam pela vida.

Simone Dantas, coordenadora do Núcleo de Saúde Mental da ONG Prematuridade.com, destaca a difícil experiência vivida pelas mães de bebês prematuros: “Não é só o bebê que é prematuro, mas a mãe também. Ela esperava a criança em 40 semanas e a recebe com 23 ou 24 semanas, sem estar preparada. O bebê é frágil, entubado e precisa de cuidados intensivos, o que gera uma montanha-russa emocional para a mãe. A cada dia, ela se depara com a instabilidade do bebê, convivendo com a constante ameaça à vida”, explica.

Os impactos psicológicos nas mães começam com o anúncio da possibilidade de prematuridade e continuam durante todo o processo pós-parto. Ao dar à luz a um bebê prematuro, a mãe entra em um luto simbólico, já que o sonho de uma gestação e parto tranquilos se desfaz. Sem o suporte adequado, esse processo pode desencadear doenças psicológicas, como a depressão pós-parto.

“A mãe, durante a gestação, idealiza o bebê saudável, perfeito, com quem poderá se conectar assim que nascer. Quando a prematuridade acontece, ela já começa a maternidade em um luto simbólico, sem poder preparar o quarto, a mala, ou viver os primeiros momentos com o bebê. Essa sensação de culpa, de se achar incapaz de levar a gestação até o fim, cria uma fragilidade emocional imensa”, relata Simone.

A Importância do Acompanhamento Psicológico

É fundamental que as mães de bebês prematuros recebam acompanhamento psicológico desde a gestação. “É importante conversar com a mãe sobre a possibilidade de prematuridade, prepará-la para a realidade e garantir que ela saiba que o bebê está em boas mãos. Durante a internação, a mãe deve descansar, ter a certeza de que está sendo uma boa mãe e que a criança está amada e cuidada pela família”, orienta Simone.

O suporte psicológico faz uma diferença significativa no processo de adaptação da mãe. “Uma mãe sem acompanhamento psicológico corre o risco de adoecer emocionalmente, podendo até desenvolver quadros graves. A ausência de suporte pode resultar em sofrimento intenso, e até em pensamentos suicidas”, alerta Simone.

O Caso de Nielly Brabo e a Importância da ONG Prematuridade.com

Um exemplo de como o apoio psicológico é essencial para a mãe e o bebê é o caso de Nielly Brabo, que deu à luz seu filho Noah, prematuro de 24 semanas, em novembro de 2022. Apesar de uma gestação complicada e de ter sido diagnosticada com endometriose, Nielly nunca imaginou que enfrentaria a prematuridade. Após uma internação por febre, sua bolsa estourou e, após uma tentativa frustrada de parto normal, o bebê foi encaminhado à UTI Neonatal, onde ficou por dois meses.

Durante esse período, Nielly recebeu apoio psicológico da equipe da Santa Casa de Misericórdia de Tucumã, o que foi essencial para sua recuperação emocional. Ao longo do tempo, ela se envolveu com a ONG Prematuridade.com, que apoia mães de bebês prematuros, garantindo-lhes os direitos e promovendo suporte psicológico. “A psicóloga me ajudou a ver que eu precisava cuidar de mim para cuidar do Noah. Isso mudou minha visão sobre a maternidade e me fez perceber que o apoio psicológico é essencial em momentos tão desafiadores”, afirma Nielly.

A ONG Prematuridade.com tem sido uma grande aliada, promovendo a conscientização sobre a prematuridade e oferecendo suporte psicológico a mães e famílias. Com o acompanhamento psicológico, Nielly conseguiu superar suas dificuldades emocionais e se fortalecer para apoiar Noah em sua recuperação. Ela segue até hoje com o acompanhamento, ajudando outras mães através de seu trabalho voluntário.