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Todo mundo faz cocô — isso é um fato da vida. Seja logo ao acordar, após o café da manhã ou em outro momento do dia, cada pessoa tem seu próprio “reloginho biológico” que regula os movimentos intestinais. No entanto, quando a frequência aumenta de repente, é comum surgir a preocupação: será que isso é normal? Segundo especialistas, embora possa indicar algo fora do comum, na maioria dos casos não há motivo para pânico.
“Provavelmente, uma das causas mais comuns de alguém começar a fazer muito cocô é a intolerância alimentar. Ou seja, você comeu algo que não caiu bem”, explica o gastroenterologista Kyle Staller, do Hospital de Massachusetts, nos Estados Unidos. Ele ressalta que, em muitos casos, o corpo se ajusta sozinho em alguns dias. Porém, se o problema persistir, pode ser um sinal de outras condições que merecem atenção.
Possíveis motivos para o aumento na frequência intestinal
- Alimentação mais saudável
Segundo Rudy Bedford, gastroenterologista do Centro de Saúde de Providence Saint John, em Santa Monica, Califórnia, o aumento no consumo de fibras — comum em dietas ricas em verduras e legumes — é uma das razões mais frequentes para as idas extras ao banheiro. As fibras aceleram o trânsito intestinal, o que pode resultar em mais evacuações. - Infecções
Infecções virais ou bacterianas podem causar diarreia e aumento na frequência das evacuações. Kyle Staller alerta que, se houver sangue nas fezes ou febre, é essencial procurar atendimento médico. - Aumento na intensidade dos exercícios físicos
A prática de exercícios intensos pode estimular as contrações musculares do cólon, acelerando a formação e a eliminação das fezes. Por isso, é comum que atletas ou pessoas que aumentaram a carga de treinos notem mudanças no padrão intestinal. - Síndrome do Intestino Irritável (SII)
A SII é um distúrbio comum, especialmente entre mulheres jovens, que causa dor abdominal, gases, cólicas e alterações na frequência das evacuações, variando entre constipação e diarreia. Se esses sintomas forem frequentes, é recomendável consultar um médico. - Estresse
O estresse pode ser um gatilho para problemas gastrointestinais, especialmente em pessoas que já têm condições como a SII. “Muitas pessoas têm movimentos intestinais mais intensos sob pressão”, diz Staller. Quando o estresse diminui, o padrão intestinal tende a normalizar. - Ciclo menstrual
As flutuações hormonais, principalmente da progesterona, podem aumentar a frequência das evacuações durante o período menstrual. Isso é completamente normal e temporário. - Excesso de café
A cafeína é um estimulante natural do intestino. Quem consome grandes quantidades de café pode notar um efeito laxante, levando a mais idas ao banheiro. Reduzir a ingestão pode ajudar a controlar o problema. - Doenças Inflamatórias Intestinais (DII)
Diferente da SII, as DIIs, como a doença de Crohn e a colite ulcerativa, envolvem inflamação crônica do trato digestivo. Sintomas como fezes com sangue, dor abdominal intensa, fadiga e perda de peso exigem diagnóstico e tratamento médico. - Medicamentos
Certos remédios, como antibióticos, podem alterar a flora intestinal, causando diarreia ou aumento na frequência das evacuações. Geralmente, o problema se resolve ao final do tratamento.
Quando procurar ajuda médica?
Segundo os especialistas, é importante ficar atento a sinais como dor abdominal, fezes com sangue, muco nas fezes ou mudanças significativas na rotina que afetem a qualidade de vida. “Se o seu sistema digestivo está impactando sua vida social ou causando desconforto constante, é hora de procurar ajuda”, alerta Kyle Staller.
Embora fazer muito cocô possa ser apenas um reflexo de mudanças na dieta ou no estilo de vida, é essencial monitorar os sintomas e buscar orientação médica se houver suspeita de algo mais grave. Afinal, cuidar da saúde intestinal é fundamental para o bem-estar geral.