TIRE SUAS DÚVIDAS

‘Planeta Intestino’: Dr. Fernando Lemos ensina sobre saúde intestinal

De forma didática, Dr. Lemos aborda as questões baseado no que ele chama de Protocolo Lemos. Confira a seguir!  

Médico cirurgião Fernando Lemos, coloproctologista. Foto: Divulgação
Médico cirurgião Fernando Lemos, coloproctologista. Foto: Divulgação

Criador do canal no YouTube ‘Planeta Intestino’, que agrega quase sete milhões de usuários, além de 10 milhões de seguidores espalhados nas redes sociais correspondentes, o médico cirurgião Fernando Lemos, coloproctologista, vencedor do prêmio ibest duas vezes consecutivas nos últimos dois anos pelo voto popular, conversou com a reportagem da Série Dr. Responde sobre todos os assuntos abordados neste fascículo. De forma didática, Dr. Lemos aborda as questões baseado no que ele chama de Protocolo Lemos. Confira a seguir!

1. O que é a microbiota intestinal e por que ela é tão importante?

A microbiota intestinal é composta por trilhões de microorganismos — principalmente bactérias — que vivem dentro do nosso intestino, estima-se que 15 trilhões sejam hospedeiros definitivos e mais de 100 trilhões transitam da boca ao ânus por dia.

Elas não estão ali por acaso. São verdadeiras parceiras da nossa saúde, ajudando na digestão, na produção de vitaminas, na defesa contra vírus e bactérias ruins, e até na regulação do nosso humor.

2. Por que ela é considerada um verdadeiro exército invisível?

No Protocolo Lemos, chamamos a microbiota de “nosso exército invisível”, porque ela atua em diversas frentes: imunidade, metabolismo, saúde mental, equilíbrio hormonal e proteção da mucosa intestinal. Quando esse ecossistema está em equilíbrio, o corpo funciona melhor. Quando está em desequilíbrio, surgem inflamações, cansaço, doenças autoimunes, ansiedade, intestino preso ou solto e até dificuldade para emagrecer.

3. O que são prebióticos, probióticos e simbióticos? Eles fazem diferença na prática?

Fazem muita diferença — e o segredo está em entender como cada um age. Prebióticos são fibras especiais que alimentam as boas bactérias já presentes no intestino. São encontrados em alimentos como banana verde, alho, cebola, biomassa de banana verde, aveia, chicória, saladas e legumes em geral. Probióticos são os micro-organismos vivos (bactérias boas) que podem ser ingeridos para reforçar a microbiota. Estão presentes em alimentos fermentados como chucrute, Kefir, Kombucha, leites fermentados e também em formulações industrializadas (cápsulas, líquidos, sachês). Já os simbióticos são a combinação de prebióticos com probióticos — ou seja, os soldados (probióticos) mais a comida deles (prebióticos).

4. Qualquer pessoa pode fazer uso desses alimentos?

No curso, ensino que não adianta tomar probiótico se o ambiente intestinal está inflamadíssimo, cheio de açúcar e alimentos ultraprocessados. Primeiro, é preciso preparar o terreno.

5. Quais alimentos ajudam — e quais prejudicam — a microbiota intestinal?

Alimentos que Ajudam e Prejudicam a Microbiota Intestinal

Os alimentos que ajudam são os vegetais frescos, ricos em fibras como brócolis, couve, cenoura, abobrinha; frutas com casca, preferencialmente orgânicas; alimentos fermentados, como o Kefir, Kombucha, chucrute caseiro; as gorduras boas como o azeite de oliva, abacate, castanhas; os alimentos ricos em polifenóis, com destaque para o cacau puro, chá verde, cúrcuma. Já os alimentos que prejudicam são o açúcar refinado, que é alimento para as bactérias ruins; as farinhas brancas e ultraprocessados; refrigerantes e bebidas industrializadas; adoçantes artificiais; álcool em excesso; os embutidos – peito de peru, mortadela, presunto, salame, calabresa, salsicha etc. Quem você alimenta, floresce. Se você alimenta as bactérias ruins, elas vão dominar, causando a disbiose. Se você fortalece as boas, sua saúde intestinal agradece.

A Relação entre a Microbiota e a Saúde Mental

6. Qual a relação entre a microbiota e problemas como obesidade, ansiedade e depressão?

Hoje já está comprovado pela ciência: existe um eixo intestino-cérebro. Cerca de 90% da serotonina (hormônio do bem-estar) é produzida no intestino — não no cérebro, como muitos pensam. Quando a microbiota está desequilibrada, aumenta o hormônio Cortisol (estresse) e diminui o GABA (hormônio da disposição), fazendo que o sistema entre em colapso. Isso pode levar a alterações no apetite, no sono, no humor, no metabolismo e até no comportamento. Casos de ansiedade, depressão, compulsão alimentar e dificuldade para emagrecer podem estar relacionados a uma microbiota fragilizada. Também, os estudos sugerem que a flora intestinal do obeso é completamente diferente da flora intestinal da pessoa que tem o índice de massa corporal normal, sendo alterada a proporção das classes de bactérias Firmucutes e Bacterioidetes.