Um estudo realizado pela Universidade de Munique, na Alemanha, trouxe novas evidências de que alterações no olfato podem estar entre os primeiros sinais do Alzheimer. Os pesquisadores identificaram que células de defesa do cérebro, chamadas microglia, podem atacar fibras nervosas ligadas ao bulbo olfativo, região responsável pela percepção de cheiros.
Esse processo compromete o sistema sensorial antes mesmo de a perda de memória se manifestar, o que abre caminho para diagnósticos mais rápidos e tratamentos em fases iniciais da doença.
A pesquisa combinou diferentes métodos de análise, incluindo testes em animais, exames de imagem em pacientes vivos e a avaliação de tecidos cerebrais de pessoas que faleceram com Alzheimer.
Em todos os casos, foi observado que o sistema imunológico confundia neurônios saudáveis com células a serem eliminadas, afetando diretamente áreas relacionadas ao olfato. Esses achados se somam a estudos anteriores, que já mostravam forte associação entre prejuízo olfativo e risco de demência. Em um deles, conduzido com cerca de 3.000 adultos nos Estados Unidos, pessoas que perderam parte da capacidade de sentir cheiros apresentaram o dobro de chances de desenvolver a doença em até cinco anos.
Especialistas ressaltam que esse tipo de descoberta reforça a importância do diagnóstico precoce. Hoje, tratamentos mais inovadores, como os anticorpos contra beta-amiloide, demonstram melhores resultados quando aplicados nos estágios iniciais do Alzheimer. Nesse cenário, a avaliação simples da função olfativa pode se tornar uma ferramenta complementar de baixo custo no rastreamento da doença.
Para além do aspecto científico, a pesquisa reforça a necessidade de ampliar estratégias de identificação precoce, garantindo qualidade de vida e suporte adequado a milhões de pessoas que convivem com a demência em todo o mundo.