O padre mineiro Márlon Múcio, de 52 anos, retornou à Unidade de Terapia Intensiva em São José dos Campos (SP) após sentir fortes dores causadas por uma dobra na parede da traqueia. A internação ocorreu apenas quatro dias depois de receber alta, refletindo os desafios de conviver com a Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD), condição genética rara que atinge cerca de 15 pessoas no Brasil. Para enfrentar os sintomas, o religioso segue um rigoroso tratamento que exige a ingestão diária de 281 comprimidos, além do uso contínuo de respirador desde 2010.
Natural de Carmo da Mata, em Minas Gerais, padre Márlon enfrentou desde a infância dificuldades de saúde, como feridas pelo corpo e perda de audição ainda na juventude. O diagnóstico correto, entretanto, só veio aos 45 anos, após anos de incertezas e tratamentos equivocados. Com a progressão da RTD, sua rotina passou a incluir adaptações e cuidados constantes. Essa jornada de fé e resistência foi retratada no filme Milagre Vivo, onde ele narra sua experiência com a doença e como encontrou força para seguir sua missão religiosa mesmo diante de limitações severas.
Apoio e Legado do Padre Márlon
Além de testemunho pessoal, a trajetória do sacerdote resultou em uma iniciativa concreta de apoio a outros pacientes: a fundação de um hospital em Taubaté (SP) voltado ao atendimento de pessoas com doenças raras. A RTD é caracterizada por afetar neurônios motores e sensoriais, comprometendo funções vitais como respiração, deglutição e mobilidade. O caso de padre Márlon evidencia não apenas os desafios médicos de enfrentar uma condição tão incomum, mas também a dimensão humana e espiritual de quem transforma a dor em serviço ao próximo.