VEJA O PREÇO

Novo tratamento de Alzheimer começa a ser aplicado no Brasil

O medicamento é um anticorpo monoclonal que elimina as placas de beta-amiloide, uma proteína que se acumula no cérebro de pacientes com a doença.

Cientistas estão solicitando ensaios clínicos que testem o potencial de medicamentos contra o HIV para prevenir a doença de Alzheimer.
Novo tratamento de Alzheimer começa a ser aplicado no Brasil: como funciona o remédio que custa a partir de R$5 mil a dose?

O donanemabe, medicamento para Alzheimer da Eli Lilly, vendido com o nome comercial Kisunla está disponível no Brasil. O tratamento é indicado para pacientes nos estágios iniciais da doença para retardar a perda cognitiva.

O medicamento é um anticorpo monoclonal que elimina as placas de beta-amiloide, uma proteína que se acumula no cérebro de pacientes com a doença. Nos estudos clínicos, pacientes tratados com o Kisunla apresentaram uma progressão clínica da doença até 35% menor em comparação com os participantes que receberam placebo ao longo dos testes, que durou 18 meses, o que correspondeu a um atraso de 4,4 meses no declínio cognitivo. De modo geral, houve uma redução de 37% no risco de progredir para a próxima fase da doença no período.

Por enquanto, o donanemabe está disponível apenas na rede privada e seu custo é bastante elevado. Segundo determinação da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que define os valores dos medicamentos no país, o valor do frasco de 350 mg da substância varia de R$ 5131,58, considerando uma alíquota estadual de 17% de ICMS, até R$ 5531,44 (alíquota de 23%).

A Anvisa orienta que o tratamento comece com 700 mg, equivalente a dois frascos por mês, nas primeiras três doses, e depois aumente para 1.400 mg (quatro frascos) mensais até o final do tratamento. A duração do tratamento vai da eliminação da placa no cérebro até no máximo 18 meses, a depender do acompanhamento e da indicação médica.

Mas cada local pode ter um protocolo diferente. Dados de acompanhamento de três anos sugerem que benefícios continuam mesmo após o término da terapia.

O custo ao paciente também podem ser bem mais elevado que o valor aprovado pela CMED devido aos custos de acompanhamento e administração – Eee é injetável de forma intravenosa em ambiente clínico ou hospitalar. Na Dasa, por exemplo, um dos primeiros lugares a oferecer o remédio no Brasil, o frasco custa a partir de R$ 8 mi. Esse valor inclui a medicação, o neurologista que vai acompanhar o paciente e a infraestrutura necessária para aplicação do remédio. Cada sessão de infusão leva cerca de 30 minutos, seguidos de mais meia hora de observação.

O neurologista Diogo Haddad, coordenador do Núcleo de Memória do Alta Diagnósticos, reforça que o Kisunla “exige acompanhamento médico rigoroso”, mas diz que ele “já demonstrou resultados interessantes em estudos clínicos para um grupo de pacientes específico com doenças iniciais”.

Um dos pontos de atenção é que o remédio, ainda que seja uma nova fronteira no tratamento do Alzheimer, tem efeitos colaterais significativos. Nos estudos, houve casos de hemorragias (sangramento) e edemas (inchaço) cerebral associados ao remédio, inclusive de óbitos.