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Novo medicamento oral para obesidade mostra eficácia na perda de peso

A farmacêutica Eli Lilly divulgou nesta quinta-feira (7) os principais resultados do novo medicamento oral para o tratamento de obesidade ou sobrepeso

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A farmacêutica Eli Lilly divulgou nesta quinta-feira (7) os principais resultados do novo medicamento oral para o tratamento de obesidade ou sobrepeso.
Foto: Reprodução/Ag. Brasil

A farmacêutica Eli Lilly divulgou nesta quinta-feira (7) os principais resultados do novo medicamento oral para o tratamento de obesidade ou sobrepeso. A orforgliprona é também um agonista do receptor de GLP-1, pertencendo à mesma classe de medicamentos que a tirzepatida (Mounjaro) e a semaglutida (Ozempic e Wegovy), que regulam o açúcar no sangue e promovem saciedade, resultando em perda de peso.

O estudo, ATTAIN-1, de fase 3, testou o uso da orforgliprona em mais de 3.000 adultos com obesidade ou sobrepeso e pelo menos uma outra condição de saúde, mas que não tinham diabetes. Os participantes também seguiram uma alimentação saudável e praticavam atividade física.

O endocrinologista João Salles, do departamento de doenças associadas da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica) e presidente eleito da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes), explica que a orforgliprona “representa uma nova geração de medicamentos para o tratamento da obesidade, com uma proposta inovadora em relação aos tradicionais moduladores de GLP-1”.

Após 72 semanas, cerca de um ano e meio, o estudo mostrou que todas as doses do medicamento ajudaram os pacientes a emagrecer de forma significativa, especialmente a dose de 36 mg por dia. Essa dosagem fez com que os pacientes perdessem, em média, 12,4% do peso corporal (o equivalente a 12,4 kg), enquanto quem tomou placebo (uma pílula sem efeito) perdeu apenas 0,9% (cerca de 1 kg).

Entre os que tomaram 36 mg de orforgliprona, 59,6% alcançaram uma redução de peso superior a 10%, e 39,6% perderam mais de 15% do peso corporal inicial. Com as doses de 12 mg e 6 mg, os resultados também foram expressivos: 45,1% e 35,9% dos pacientes, respectivamente, perderam mais de 10% do peso, enquanto 24% e 16,5% ultrapassaram a marca de 15%. Já no grupo placebo, apenas 8,6% conseguiram perder mais de 10% do peso, e só 3,6% ultrapassaram os 15%.

O médico cita que o medicamento é diferente de opções como o Rybelsus (semaglutida oral), que é um peptídeo, molécula formada por uma cadeia de aminoácidos que é facilmente ‘quebrada’ pelas enzimas digestivas do estômago e intestino, exigindo condições específicas de administração como jejum de pelo menos 30 minutos antes da primeira refeição. “Esse se trata de um agonista não peptídico, ou seja, uma molécula pequena, de estrutura química sintética, que imita a ação do GLP-1, mas com absorção mais simples e eficaz”.

O especialista explica que, diferentemente dos peptídeos que têm dificuldade para passar pela parede intestinal e são sensíveis ao ambiente digestivo, essa nova molécula não-peptídica é resistente às enzimas do estômago e pode ser absorvida facilmente, independentemente da presença de alimentos. “A estrutura química da molécula é uma inovação”, completa.

Em testes clínicos, a orforgliprona demonstrou um perfil de segurança consistente com outros medicamentos da classe dos agonistas do GLP-1, porém com uma incidência menor de efeitos gastrointestinais. Os eventos adversos mais frequentes foram náusea, constipação, diarreia, vômitos e má digestão, geralmente de intensidade leve a moderada e transitórios.

O endocrinologista João Salles destaca que essa redução nos efeitos colaterais é um dos diferenciais da nova molécula. “Além da melhor tolerabilidade, o fato de ser um comprimido oral e não injetável elimina a necessidade de canetas aplicadoras, simplificando a produção, o armazenamento e o uso pelo paciente”, explica. “Isso pode aumentar a adesão ao tratamento, especialmente para quem tem resistência a injeções.”

O estudo mostrou que a orforgliprona também trouxe outros benefícios, como a redução do colesterol LDL, triglicerídeos e pressão alta (pressão arterial sistólica), fatores que aumentam o risco de doenças cardiovasculares.

Segundo Luiz André Magno, diretor médico sênior da farmacêutica Eli Lilly no Brasil, esses resultados são promissores. Ele destaca a importância de oferecer novas opções de tratamento, especialmente para quem não se adapta bem aos medicamentos injetáveis.
A orforgliprona é um remédio oral que ainda está na fase de testes, não está disponível no mercado. A molécula foi descoberta por uma empresa japonesa, a Chugai, e licenciada pela Eli Lilly que estuda o uso da molécula para tratar diabetes tipo 2, obesidade e problemas relacionados, como apneia do sono e pressão alta em pessoas com excesso de peso.

*Texto de Raíssa Basílio