Wesley Costa
O mês de novembro é conhecido mundialmente pelas ações de orientações e cuidados para evitar uma das doenças que mais atinge o público masculino, o câncer de próstata. Embora o tipo da doença seja comum, o medo e o preconceito que ainda existe sobre o assunto, acaba dificultando o tratamento e a cura de muitos pacientes. De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), somente no Brasil, são esperados 71 mil novos casos até 2025.
O diagnóstico precoce continua sendo uma das ferramentas cruciais para aumentar as chances de reversão em alguns casos. Por isso, a campanha desempenha um papel importante de estimular os homens a cuidarem da saúde. O chefe dos serviços de urologia e transplante renal do Hospital Ophir Loyola, Ricardo Tuma, explica que existem algumas formas de diagnosticar a doença.
“Hoje, não temos nenhuma técnica considerada inovadora, mas sim, os exames de rastreamento. Às vezes, não há sintoma da doença e, essa é a chance de oferecer o tratamento curativo. Normalmente, o diagnóstico é feito via ultrassonografia, exame de sangue ou pelo toque retal. Essa combinação nos dá um direcionamento. Existe também o exame multiparamétrica, que mostra mais da estrutura do tecido da próstata. Mas se, eventualmente, no toque ou ressonância houver suspeita, se faz uma biópsia”, disse.
Segundo o médico, o diagnóstico precoce aumenta em mais de 90% as chances de cura do tumor. “Quando conseguimos fazer esse mapeamento mais cedo, as chances de cura são realmente grandes. Só não chegamos a cem por cento porque existem tumores que, mesmo no início, são bem mais agressivos que outros. Mas normalmente, quando há essa descoberta precoce de dez pacientes, nove conseguem a cura”, afirma.
A partir dos exames e demais avaliações clínicas é possível traçar qual a forma de tratamento mais eficaz. “Além dos exames citados anteriormente, existem outros complementares como o PET CT com PSMA, que dá uma visualização da extensão do problema. Nele é possível saber se a doença está somente na próstata ou se invadiu outros órgãos. Quando o tumor está localizado somente naquela área existem duas formas: cirurgia ou radioterapia. Quando passa do limite é possível uma terapia complementar. Porém, quando avançado, as chances de tratamento e cura ficam limitadas”, ressalta o chefe.
De acordo com o chefe, os homens a partir dos 45 anos sem histórico da doença ou fora dos grupos de risco, já devem manter um calendário de idas ao médico com maior frequência. “Aqui precisamos levar em consideração os fatores de riscos. Quanto mais idoso, por exemplo, maiores são as chances de se ter o câncer. Homens que possuem históricos familiares da doença também devem ficar mais atentos porque aumentam as chances de desenvolver o câncer. Nesses casos, recomendamos que as consultas comecem aos 40 anos. No caso das idades mais elevadas, a partir dos 60, o ideal é comparecer ao médico por, pelo menos, uma vez ao ano. A partir daí o acompanhamento deve ser feito de 6 em 6 meses”, orienta.
Por fim, Ricardo Tuma diz que é preciso difundir ainda mais informações sobre a saúde do homem, para acabar de vez com o preconceito. “Antes, o exame de toque era um vilão. Mas hoje, essa questão melhorou e eles não se sentem tão ofendidos. Nos atendimentos vemos que é uma minoria, cerca de 10% dos homens que ainda recusam. As campanhas e as mídias ajudam bastante sobre essa importância de colocar a saúde como prioridade para que eles (os homens) não sejam surpreendidos depois”, concluiu.