Cintia Magno
Quando se considera o uso não saudável da tecnologia, uma preocupação muito presente se refere ao risco de desenvolvimento de uma dependência do smartphone ou das tecnologias, de uma maneira geral, como é o caso da nomofobia. Abreviação das iniciais do termo, em inglês, ‘no mobile phone phobia’, ela é a fobia de não estar com o celular, não ter acesso a ele.
“É importante lembrar que fobia é uma condição em que você vai ter um medo irracional, absurdo, super exacerbado de algo”, explica a psicóloga Mariana Mendonça. “E o que vão ser características da presença desse tipo de fobia: uma preocupação excessiva com o dispositivo, de checar toda hora se ele está sobre sua posse, se você está com bateria disponível; a falta de autorregulação, a dificuldade de ficar sem usar o celular mesmo em ambientes em que não é esperado que você esteja no celular, como durante a aula, durante uma reunião de trabalho, durante uma sessão de cinema, por exemplo”.
Quando a situação de dependência está estabelecida, a pessoa pode apresentar sintomas e sinais de abstinência quando fica sem o celular, incluindo um comportamento de extrema irritabilidade, intolerância, agressividade. “Tudo isso sinaliza, na verdade, que a sua função cognitiva já está tão dependente daquele padrão de interação que quando isso é retirado, o seu organismo reage. Reage protestando, entendendo que aquilo que é fundamental para ele estar funcionando, da forma que ele já está acostumado, não está disponível”, explica a professora Mariana.
“Especificamente em relação a consequências mais danosas que as pessoas podem acabar agregando quando elas não buscam tratar isso, controlar o uso, uma coisa que poucas pessoas param para pensar, mas que é fundamental, é o risco à segurança, à integridade física da pessoa e dos outros. O uso, por exemplo, do telefone durante o momento que está dirigindo, durante a execução de outra tarefa que implique responsabilidade, o fato de estar com o celular andando na rua, exposto a situações de risco ou a violência urbana porque você não está atento a sinais que você precisa parar para observar”, chama a atenção.