CURADO

No Pará, o som da vitória ecoa: Samuel vence o câncer após 8 anos de luta

Natural de Breves, no arquipélago do Marajó, o jovem celebrou o fim de uma jornada de oito anos contra a Leucemia Linfóide Aguda (LLA).

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Hoje, curado, ele sonha com o futuro: voltar a estudar e seguir praticando seu esporte favorito, o vôlei.
Hoje, curado, ele sonha com o futuro: voltar a estudar e seguir praticando seu esporte favorito, o vôlei. Foto: Ellyson Ramos - Ascom Hoiol

O som firme e emocionante do “Sino da Vitória” reverberou pelos corredores do Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol), em Belém, marcando um momento inesquecível para Samuel Mendes, de 15 anos. Natural de Breves, no arquipélago do Marajó, o jovem celebrou o fim de uma jornada de oito anos contra a Leucemia Linfóide Aguda (LLA). Hoje, curado, ele sonha com o futuro: voltar a estudar e seguir praticando seu esporte favorito, o vôlei.

Samuel deu entrada no hospital em junho de 2017, aos 7 anos, após apresentar sintomas persistentes como febre sem causa aparente, palidez e manchas pelo corpo. O diagnóstico mudou completamente a rotina da família, que precisou se mudar para Belém para dar continuidade ao tratamento.

“Ele começou a emagrecer, ficou muito pálido, os lábios mudaram de cor. Sabíamos que não era normal. Quando veio o diagnóstico, começou a nossa luta”, relembra Rayane Mendes, mãe de Samuel. Ela estava grávida da filha mais nova, Isadora, quando recebeu a notícia.

Durante as internações, foi o pai, Benedito Brandão, quem acompanhou Samuel mais de perto. A família se manteve firme, seguindo à risca todas as orientações médicas: nada de sol, piscina, igarapé ou exposição ao sereno. “Samuel sempre foi obediente. A e o apoio da equipe foram fundamentais”, conta Rayane, emocionada.

Sino da Vitória: símbolo de esperança

Adolescente natural de Breves, sudoeste marajoara, vence a luta contra a leucemia e inspira esperança em pacientes oncológicos
Adolescente natural de Breves, sudoeste marajoara, vence a luta contra a leucemia e inspira esperança em pacientes oncológicos

Criado há seis anos, o “Sino da Vitória” é um projeto do Hoiol que simboliza a superação e motiva pacientes em tratamento. “O sino dá um rosto à cura. Ele mostra que o câncer tem tratamento e pode ser vencido”, afirma Elizabeth Cabeça, do Escritório de Experiência do Paciente. Desde sua criação, 357 pacientes já tocaram o sino.

O ato de percorrer o hospital tocando o sino é aguardado por pacientes, famílias e profissionais. Rayane deixa um recado para quem está no início dessa jornada: “Tenham paciência, sigam todas as orientações. Existe cura. Meu filho é a prova viva disso”.

Agora adolescente, Samuel quer transformar sua superação em conquistas. Ele treina vôlei na Tuna Luso Brasileira e sonha em se tornar atleta profissional. Após tocar o sino, também deixou sua marca na “Árvore da Vida”, um mural onde pacientes curados carimbam a mão colorida. A pintura foi feita pelos familiares, selando o momento com emoção. “Que emoção, meu Deus!”, disse Rayane.

Nova fase, novos sonhos

O som do sino que marcou o fim de uma etapa difícil para Samuel também anuncia o começo de uma nova vida. Para os que ainda enfrentam o câncer, o jovem é símbolo de fé e coragem. Para a equipe do Hoiol, é o reflexo de um trabalho comprometido com o cuidado integral.

A médica oncopediatra Alayde Vieira, diretora técnica do hospital e quem acolheu a família desde o início, lembra: “Explicamos tudo com cuidado. O impacto do diagnóstico é devastador, mas o acolhimento faz diferença”.

Tratamento e Acompanhamento

Ela explica que o tratamento oncológico pediátrico exige acompanhamento por, no mínimo, cinco anos após o término da terapia, para monitorar possíveis recaídas. “Cada ano livre da doença reduz a chance de retorno em cerca de 20%. Após cinco anos sem sinais de recidiva, consideramos a criança curada”, explica.

A médica destaca que o diagnóstico precoce é decisivo: aumenta as chances de cura e permite tratamentos menos agressivos. “O câncer infantojuvenil não pode ser visto como sentença. Temos tratamentos eficazes, equipes especializadas e cada vez mais crianças curadas. Mas precisamos que os sintomas sejam reconhecidos a tempo”, conclui Alayde.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.