Diego Monteiro
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), durante os meses de janeiro a maio deste ano, foi observado um crescimento considerável de 66,6% no número de casos de dengue em Belém. Comparando com o mesmo período do ano anterior, foram diagnosticadas 225 pessoas com a doença, enquanto em 2022 o total era de apenas 135 infectados.
A causa principal dessa disparada da doença na capital paraense está relacionada ao período de chuvas intensas característico do inverno amazônico, que ocorre entre novembro e maio. Durante esse período, o volume de água sobre a região norte do Brasil aumenta significativamente, criando um cenário propício não só para a transmissão da dengue, mas também da Zika e Chikungunya.
Essas doenças são transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, que utiliza qualquer recipiente com água parada para depositar seus ovos. “Sabemos que esse período de chuva na nossa região foi bem intenso. Desta forma, tem mais água parada e em contato com os ovos, passam a eclodirem e em menos de 30 minutos milhares de larvas nascem”, explicou Mara Costa, coordenadora de endemias da Sesma.
Segundo a representante da Secretaria, a larva do mosquito passa por quatro fases em um período de sete a nove dias até se tornar um mosquito adulto: ovo, larva, pupa e adulto. “Cada mosquito vive em torno de 30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 ovos. Se forem postos por uma fêmea contaminada pelo vírus da dengue, ao completarem seu ciclo evolutivo, transmitirão a doença”, afirma.
Dados da Organização Pan-americana de Saúde (Opas) alertam a população para o risco de contaminação, já que aproximadamente 500 milhões de pessoas nas Américas estão em risco de contrair dengue. Ao analisar as últimas quatro décadas, a Opas constatou um aumento expressivo nos casos, passando de 1,5 milhão de casos acumulados na década de 1980 para 16,2 milhões entre 2010 e 2019.
Trabalhos
Para entender melhor, a Sesma elaborou um ranking detalhando as principais regiões que apresentaram maiores registros de dengue na cidade. Do maior para o menor, o bairro do Guamá lidera a lista, com 40 casos. Em segundo lugar, encontra-se o Jurunas, com 25 ocorrências, seguido pela Condor e Vila de Mosqueiro, com 20 e 10 registros, respectivamente.
Mara destacou que a cada dois meses é realizado o Levantamento de Índice Rápido (LIRA) em bairros estratégicos da Região Metropolitana. O objetivo, segundo a coordenadora da Sesma, é coletar larvas encontradas dentro das residências para análise e, com base nos resultados, desenvolver campanhas de conscientização e prevenção contra os mosquitos.
“Com o fim do período mais chuvoso e a entrada do verão, fica claro que a tendência é de que os casos comecem a cair, no entanto, é preciso intensificar os esforços nos locais com alto índice de larvas, pois vivemos em uma região onde ocorrem chuvas a todo momento. Portanto, em período onde o sol predomina a doença continua sendo uma realidade”, enfatiza Mara.
Costa chama atenção para os riscos e evidencia a importância do envolvimento da população no combate: “essa tarefa não depende apenas dos agentes de endemias, mas sim de um esforço coletivo. É fundamental que a população perceba que os focos não devem ser negligenciados. Devemos observar fazer nossa parte evitando armazenar qualquer tipo de objeto que possa acumular água”, pontua.
Alerta lugado depois de sofrer bastante com sintomas da dengue
Ellen Vasconcelos, 40, é uma moradora das proximidades do Canal da Pirajá, no bairro da Pedreira. Em entrevista à equipe de reportagem do DIÁRIO, a dona de casa compartilhou sua experiência ao ser diagnosticada com dengue há alguns anos, descrevendo-a como uma das piores vivências da vida. “Os sintomas duraram uma semana e foram tão intensos que eu pensei que iria morrer”, detalha
Desde então, Vasconcelos adotou medidas preventivas redobradas em sua residência e em todos os lugares que frequenta. “Parece que agora eu tenho um radar, pois em casa, assim que vejo qualquer água parada, já a despejo na terra, viro as garrafas e sempre deixo os pratos das plantas secos. Isso também acontece nas ruas, pois é comum encontrarmos tampinhas jogadas pelo chão”, disse.
Temor
Sulamita Costa, 40, vive com o esposo e dois filhos próximos ao Conjunto Paraíso dos Pássaros, no Maracangalha. Ela revela que um dos maiores temores é o mosquito picar suas crianças. “Em minha casa, sempre temos um repelente, utilizamos mosquiteiros e adotamos todas as opções que encontrei para proporcionar um pouco mais de proteção a eles”, conta.
“No entanto, sabemos que, se um dia tiver que acontecer, vai acontecer. Mas não foi por falta de tentativa, pois fizemos o possível para prevenir. Infelizmente, para chegar em alguns locais eu preciso passar no meio de um lixão e que tem pneu, garrafas, animais mortos, vários de objetos que são ideais para a proliferação do mosquito. Infelizmente é assim por aqui”, conclui.
FAÇA SUA PARTE!
Dicas simples para combater o mosquito
A luta contra a dengue é uma responsabilidade coletiva, e pequenas ações podem fazer a diferença na prevenção e controle da doença. Pensando nisso, a coordenadora de endemias da Sesma, Mara Costa, elaborou uma lista de dicas práticas que podem ajudar a proteger a população. Confira e colabore:
Verifique se a caixa d’água e outros reservatórios estão devidamente vedados, evitando o acesso do mosquito;
Descarte o lixo corretamente, pois quando deixado nas ruas pode se tornar um local propício para o acúmulo de água;
Guarde os pneus em locais cobertos, pois eles podem se tornar criadouros do mosquito;
Certifique-se de que as garrafas estejam com a boca virada para baixo, eliminando qualquer possibilidade de acúmulo de água;
Mantenha o quintal limpo, removendo folhas e outros tipos de sujeira;
Realize a limpeza periódica dos ralos e esgotos;
Retire o acúmulo de água que pode se formar atrás da geladeira ou do ar-condicionado;
Utilize areia nos pratos dos vasos de plantas;
Mantenha as piscinas limpas e com o tratamento adequado;
Ao identificar larvas do mosquito, o melhor procedimento é jogar a água em terra ou em locais secos.