
O Ministério da Saúde determinou a substituição de cerca de 50 mil canetas reutilizáveis de insulina distribuídas na rede pública após receber diversas reclamações de falhas e quebras. O produto é fornecido pela GlobalX, que mantém contratos superiores a R$ 570 milhões para o abastecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
A pasta informou ter cobrado melhorias técnicas na fabricação das canetas e passará a realizar monitoramentos periódicos sobre os lotes distribuídos. Desde o início da entrega, aproximadamente 2,9 milhões de unidades já foram enviadas a estados e municípios. O modelo reutilizável começou a ser adotado neste ano, em substituição ao descartável. Entretanto, segundo documento obtido pela reportagem, o ministério recebeu relatos de vazamentos, defeitos mecânicos e fragilidade dos dispositivos.
Em nota, a GlobalX alegou que as falhas atingem apenas 1,5% das unidades entregues e afirmou ter doado mais 1,4 milhão de canetas ao SUS. “Sensível às notificações do Ministério da Saúde, a empresa mantém diálogo permanente com a pasta e já promove adequações no dispositivo”, declarou.
Em agosto, o ministério havia ordenado a troca de 41 mil unidades com base em relatos de secretarias estaduais. No mês seguinte, outras 9 mil canetas foram substituídas após chegarem ao estoque federal em caixas danificadas.
Apesar de treinamentos realizados com profissionais do SUS, o ministério informou que persistem dificuldades no uso das canetas, reforçando a necessidade de ajustes de design e funcionamento.
Pará notificou falhas e vazamentos
O Pará também notificou o Ministério da Saúde sobre falhas mecânicas e vazamentos em parte dos dispositivos recebidos. Técnicos da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) relataram travamentos no botão de aplicação e dificuldade para encaixar o carpule, o que afetou a aplicação correta das doses em alguns pacientes. O estado solicitou a substituição dos lotes comprometidos, e, segundo a pasta federal, as canetas defeituosas já foram trocadas por novas unidades revisadas pela fabricante.
O governo de São Paulo relatou o maior número de problemas: solicitou a substituição de 35,5 mil canetas de um total de 435 mil recebidas. O estado citou falhas mecânicas, vazamentos, fragilidade do material e dificuldade para encaixar o carpule, além de dificuldade dos pacientes em visualizar o fim da insulina. Na capital paulista, a prefeitura registrou quebra espontânea de pistões e defeitos no botão disparador, além de falhas na mola do êmbolo.
Outros estados também apontaram entraves. Mato Grosso do Sul relatou que idosos têm dificuldade de manipular o dispositivo; Minas Gerais afirmou que a caneta libera doses menores que o esperado e continua gotejando após a aplicação. Entre todos os estados, apenas o Acre não relatou problemas nem pediu substituições.
Alternativas e próximos passos
Em resposta, o Ministério da Saúde garantiu que todas as peças com defeito já foram substituídas. A pasta destacou ainda que parte das insulinas distribuídas no SUS continua sendo aplicada com seringas tradicionais, e que o governo estuda novas parcerias com laboratórios públicos e privados para diversificar o fornecimento.
Segundo o ofício enviado à GlobalX, o levantamento nacional teve o objetivo de identificar unidades com defeitos de fabricação ou funcionamento que possam comprometer a segurança e a eficácia do tratamento dos pacientes com diabetes.
O contrato prevê que o dispositivo, com validade de três anos, seja entregue diretamente aos pacientes, que recebem periodicamente os frascos de insulina. Entretanto, gestores municipais e estaduais ainda relatam dificuldades de adaptação ao novo modelo.
Editado por Débora Costa