
Dentro da saúde do intestino existe um termo chamado “microbiota intestinal”. Composta de bilhões de microrganismos, ela gera grande interesse científico por impactar em várias áreas da saúde, entre elas a digestão, o metabolismo e o sistema nervoso.
Em busca de maior entendimento sobre o tema, a Série Dr. Responde ‘Intestino em Alerta – O que seu corpo está tentando dizer’ chega ao seu terceiro fascículo com explicações de profissionais de diversas áreas da saúde sobre microbiota intestinal.
A médica gastropediatra Daniela Imbiriba pontua que a microbiota mantém a integridade da barreira intestinal, evitando a passagem de substâncias indesejadas para o sangue, o que pode causar inflamação.
“Ela ajuda a treinar e regular o sistema imunológico, promovendo uma resposta adequada contra infecções e inflamações. A microbiota intestinal influencia o metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas, podendo afetar o armazenamento de gordura e a sensibilidade à insulina”, cita.
Segundo Daniela, essas bactérias ajudam a quebrar alimentos e algumas ainda produzem vitaminas essenciais para o nosso organismo. “Algumas bactérias produzem neurotransmissores, como o GABA, que são importantes para a função cerebral e o bem-estar mental”.
DISBIOSE
Já a biomédica da Unama, Sélly Lira – especialista em Microbiologia e Imunologia, observa que a microbiota é caracterizada por ser constituída por vários microorganismos que habitam de forma benéfica diferentes regiões do nosso corpo, como a pele, a boca, até mesmo o trato respiratório e principalmente o intestino.
O que é Disbiose?
“Então, essa microbiota intestinal é formada por vários microorganismos, sejam bactérias, fungos, e que vivem em equilíbrio com o trato gastrointestinal. Esses microorganismos exercem funções muito importantes, tanto para a imunidade, para o metabolismo e também para a saúde mental. Quando se tem um desequilíbrio na composição dessa microbiota, ocorre o que a gente chama de disbiose”.
A disbiose está associada ao aumento da inflamação, a perda até mesmo da integridade da barreira intestinal e também vários distúrbios que vão desde doenças intestinais e metabólicas até mesmo transtornos psicológicos. “A gente tem transtornos neurológicos que podem estar associados com a disbiose. Quando a gente fala de sistema imunológico e microbiota, principalmente a intestinal, a gente tem que falar sobre a imunomodulação”.
Sélly exemplifica o fato de que, ao nascermos, seja via parto cesáreo ou natural, o contato que temos com a microbiota é muito importante, porque logo após o nascimento, essa microbiota começa a se formar e interagir com células do sistema imune do bebê.
“Essa microbiota vai ensinando esse sistema imunológico, a distinguir que substâncias são inofensivas e substâncias que são maléficas. Então, isso ajuda a prevenir alergias, ajuda a prevenir doenças autoimunes e também as diversas inflamações que aquele bebê, ao longo da sua formação, ao longo do tempo, pode estar adquirindo”.
A biomédica ressalta também que a microbiota intestinal ajuda a estimular a produção e o equilíbrio de diferentes tipos de células imunes, como por exemplo as células T, os macrófagos e assim por diante.
“Isso mantém o sistema imune ativo. Então, manter o sistema imune ativo é muito importante porque eu mantenho aquele sistema controlado. Então, se eu tenho um sistema imune ativo, tenho um preparo para que esse sistema possa reagir quando em algum momento da vida o intestino, no caso o trato gastrointestinal, entrar em contato com algum patógeno, por exemplo”.
A Relação entre Saúde Mental e Intestino
A biomédica Sélly Lira pontua ainda que existe uma relação intestino-cérebro, que é justamente a influência que essa microbiota tem no sistema nervoso central. “Isso acontece, principalmente, participando na produção de neurotransmissores, como a serotonina, que regula o humor, o sono e o apetite”, diz.
“Então, quando o intestino está em disbiose, isso pode tornar muito maléfico, um prejuízo muito grande, justamente por tornar aquele intestino mais permeável, ou seja, liberar toxinas e ativando o sistema imune e até mesmo gerando inflamações crônicas. Isso aumenta as inflamações sistêmicas e até cerebral, e que também está associada com a depressão, com a ansiedade, o estresse e outras doenças que estão relacionadas com a microbiota e o sistema imune”.