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Medicamento vencido faz mal? Especialista alerta sobre os riscos à saúde

Risco invisível: uso de medicamentos vencidos pode gerar substâncias tóxicas, alerta farmacêutico

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Risco invisível: uso de medicamentos vencidos pode gerar substâncias tóxicas, alerta farmacêutico
Risco invisível: uso de medicamentos vencidos pode gerar substâncias tóxicas, alerta farmacêutico . Foto:: Iustração/Canva

O aumento do consumo de medicamentos no Brasil tem acendido um alerta importante entre especialistas: os riscos relacionados à conservação inadequada e ao uso de medicamentos vencidos. A questão, muitas vezes negligenciada pela população, é tema constante entre profissionais da área da saúde.

Segundo o farmacêutico toxicologista Antônio Anax Falcão, membro do Grupo de Trabalho sobre Toxicologia do Conselho Federal de Farmácia (CFF), há todo um rigor científico por trás da determinação do prazo de validade e das condições ideais de armazenamento de um medicamento. E ignorar essas recomendações pode colocar a saúde em risco.


💥 O perigo oculto das impurezas e da degradação

Falcão explica que, durante o processo de fabricação de medicamentos, é possível que resquícios de substâncias químicas não reagidas, chamadas de impurezas, fiquem no produto final. Essas impurezas são reguladas por normas sanitárias e analisadas por agências como a Anvisa, para garantir que estejam em níveis seguros.

Além disso, a validade de um medicamento é baseada em estudos de estabilidade, que expõem o produto a diferentes condições — como calor, umidade e luz — para entender como ele se comporta ao longo do tempo.

“Se o medicamento tem validade de 18 meses ou dois anos, é porque há base técnica para isso. Após esse período, não é possível garantir segurança nem eficácia”, afirma o farmacêutico.


🧬 Medicamentos vencidos ou mal armazenados podem se transformar

Deixar medicamentos fora das condições ideais, como em ambientes úmidos, quentes ou expostos à luz, pode acelerar reações químicas indesejadas. Segundo o especialista, isso leva à perda de eficácia do princípio ativo e pode até gerar substâncias desconhecidas e potencialmente tóxicas.

“Muita gente guarda remédios no banheiro ou na cozinha, perto do fogão, sem saber que isso pode alterar completamente a composição do produto”, alerta Falcão.


🧴 Porta-comprimidos e supermercados: riscos silenciosos

Outra prática comum e preocupante é a de remover os comprimidos das embalagens originais e colocá-los em porta-medicamentos. Embora facilite a rotina, isso pode expor o remédio a luz, calor e umidade, especialmente em casos de medicamentos sensíveis.

Falcão também critica a proposta de venda de medicamentos em supermercados. Segundo ele, há uma cadeia de custódia sanitária que começa na indústria e só termina na farmácia — um ambiente controlado em temperatura, iluminação e umidade, sob supervisão profissional.

“O farmacêutico é um agente de saúde capacitado. Vender remédios fora desse circuito significa abrir mão de controles essenciais para garantir a qualidade dos produtos”, reforça.


📌 O que o consumidor deve fazer?

A recomendação é clara: nunca use medicamentos fora do prazo de validade e respeite rigorosamente as condições de armazenamento indicadas na bula. Além disso, observe sempre o aspecto físico do remédio — se houver alteração de cor, cheiro ou consistência, não utilize e comunique o fabricante.

“A conservação do medicamento é parte do tratamento. Se a embalagem recomenda ‘armazenar em temperatura abaixo de 25 °C’, é porque acima disso pode haver alteração química. O descuido, mesmo dentro da validade, pode ser prejudicial”, conclui Falcão.

Com informações do Conselho Federal de Medicina.

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.