SAÚDE

Mamografia é essencial no rastreamento do câncer de mama

A mamografia é o método mais eficaz para detectar lesões em estágios iniciais, aumentando as chances de cura da doença para mais de 90%.

Maria Helena Carvalho, 67, agente administrativo, junto a Aldenice Castro, tecnólogo em radiologia. Hospital Ophir Loyola lança, a campanha “Um toque pela vida, todos juntos nesta causa!”. A campanha alertará sobre os principais cânceres que afetam o sexo masculino e feminino no Pará.
Maria Helena Carvalho, 67, agente administrativo, junto a Aldenice Castro, tecnólogo em radiologia. Hospital Ophir Loyola lança, a campanha “Um toque pela vida, todos juntos nesta causa!”. A campanha alertará sobre os principais cânceres que afetam o sexo masculino e feminino no Pará. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Pará - Neste dia 5 de fevereiro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Mamografia, uma data voltada para conscientizar a população sobre a importância desse exame no rastreamento do câncer de mama. A mamografia é o método mais eficaz para detectar lesões em estágios iniciais, aumentando as chances de cura da doença para mais de 90% quando diagnosticada precocemente.

Apesar de sua importância, os índices de cobertura mamográfica no país ainda estão muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 70% da população-alvo, mas os estados não conseguiram ultrapassar mais de 35% em 2023.

O médico mastologista Fábio Botelho, presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) – Regional Pará, destaca que a mamografia é o exame mais eficiente para identificar lesões muitas vezes imperceptíveis e que, consequentemente, garante a eficácia da estratégia de evitar a cirurgia que consiste na remoção total ou parcial da mama, a mastectomia.

“A mamografia é o exame preferencial de rastreamento. Mesmo sem sintomas, conseguimos detectar alterações subclínicas, o que possibilita um tratamento menos invasivo e maior chance de cura. Quanto mais cedo descobrimos a doença, menores as taxas de mastectomia e melhores os resultados estéticos das cirurgias oncoplásticas”, explica.

EXAME

A SBM recomenda que todas as mulheres a partir dos 40 anos realizem o exame anualmente, mesmo sem sintomas. No entanto, a recomendação diverge da diretriz do Ministério da Saúde (MS), que indica a mamografia apenas a partir dos 50 anos e com intervalo de dois anos entre os exames. Para o especialista, essa orientação pode comprometer o diagnóstico precoce.

“A recomendação do MS já não vem mais se sustentando, pois o câncer de mama está surgindo cada vez mais cedo. Cerca de 40% dos diagnósticos ocorrem antes dos 50 anos e 22% das mortes acontecem nessa faixa etária. Se esperarmos até os 50 anos para rastrear, deixamos de detectar uma parcela significativa dos casos”, alerta.

Apesar dos avanços na medicina, a detecção precoce ainda é o fator mais determinante para aumentar as chances de cura. “O acesso à mamografia ainda é um grande gargalo no sistema”, pontua Botelho.

Além da mamografia, hábitos saudáveis também desempenham um papel fundamental na prevenção do câncer de mama. O médico destaca a prevenção primária como os hábitos para evitar ter um câncer. Já a prevenção secundária é tudo que se pode fazer para diagnosticar a doença em estágio inicial, considerando a autoavaliação e a consulta com o mastologista.

“A cada década, observamos um aumento no número de casos. O sobrepeso e o sedentarismo são fatores de risco que podem ser evitados. Uma dieta balanceada, controle do peso, redução do consumo de álcool e tabagismo, e prática de atividades físicas são medidas que ajudam a reduzir a incidência da doença”, destaca.

Outra recomendação essencial é que as mulheres conheçam o próprio corpo. “Muitas não sabem fazer o autoexame, mas à medida que se tocam regularmente, aprendem a identificar qualquer alteração suspeita. Caso percebam algo diferente, elas vão conseguir identificar um ‘corpo estranho’ no próprio corpo e procurar imediatamente um especialista”.

O médico também chama atenção para a falta de políticas públicas voltadas ao câncer de mama em homens, que, apesar de ser raro, pode ocorrer. “A incidência em homens é de 1%, mas não há diretrizes de rastreamento como existem para as mulheres. Qualquer alteração nodular deve ser avaliada para que o diagnóstico seja precoce”.