SAÚDE

Maio Cinza conscientiza sobre o câncer cerebral

Cerca de 88% dos tumores de Sistema Nervoso Central estão no cérebro. A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia realiza neste mês a conscientização das pessoas, pois este é um tipo de câncer subestimado

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O neurocirurgião José Cláudio Monteiro Rodrigues explica que os sintomas podem incluir dor de cabeça, perdas de visão e de audição, confusão mental e crises convulsivas FOTO: Divulgação
O neurocirurgião José Cláudio Monteiro Rodrigues explica que os sintomas podem incluir dor de cabeça, perdas de visão e de audição, confusão mental e crises convulsivas FOTO: Divulgação

O cérebro e a medula espinhal formam o Sistema Nervoso Central (SNC). Os tumores do SNC devem-se ao crescimento de células anormais nos tecidos dessas localizações. O câncer do SNC representa de 1,4% a 1,8% de todos os tumores malignos no mundo. Cerca de 88% dos tumores de SNC estão no cérebro.

O Maio Cinza é dedicado à conscientização e ao combate ao câncer cerebral. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que no Brasil sejam registrados cerca de 11 mil casos anualmente.

O médico neurocirurgião José Cláudio Monteiro Rodrigues destaca que a Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) escolheu o mês de maio para promover a conscientização das pessoas, pois este é um tipo de câncer subestimado. “É muito silencioso e tem mortalidade alta quando diagnosticado tardiamente”.

Conforme o Inca, as causas de tumores do SNC ainda são alvos de muitos estudos. Entende-se que a doença é multifatorial, sendo causada pelo somatório de várias alterações genéticas, como ressalta o Inca. Algumas dessas alterações são adquiridas durante a vida, por predisposição ou por exposição. Outras são hereditárias e estão presentes em algumas síndromes familiares associadas com tumores do SNC, como a neurofibromatose.

O Inca ressalta que os fatores que reconhecidamente aumentam o risco são exposição à radiação ionizante (por exemplo, profissionais que lidam com raios-X), pessoas que se submetem à radioterapia ou a exames excessivos com radiação (tomografia); e deficiência do sistema imunológico, seja ela causada pelo vírus HIV ou pelo uso de medicamentos ou drogas que suprimem o sistema imunológico.

Até o momento, não existem medidas definidas para a prevenção dos tumores de SNC, destaca o Inca. A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor na fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento. “É muito importante o diagnóstico precoce. Este tipo de câncer está entre os dez tumores mais letais no Brasil”, comenta o neurocirurgião José Cláudio Monteiro Rodrigues.

Detecção precoce e sinais de alerta

A detecção precoce pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença, ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.

Conforme explica o neurocirurgião, os sintomas podem incluir dor de cabeça, perda de visão, alteração na sensibilidade em partes do corpo, perda de audição, confusão mental e crises convulsivas. Há também situações que precisam de mais atenção ainda, pois determinada situação pode mascarar o câncer de SNC.

“Tumores no lobo frontal podem causar depressão. O paciente pode tratar por anos um quadro de depressão e ter algum tipo de câncer de SNC. Por isso é importante o acompanhamento médico e exames como a ressonância magnética”.

O Inca destaca ainda como sintomas náuseas e vômitos, dificuldades de equilíbrio, mudanças de comportamento, sonolência acentuada e coma. Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em alguns dias.

Diagnóstico e tratamento

Os exames de imagem como Tomografia Computadorizada (TC) e Ressonância Magnética (RM) com contraste são os principais na investigação dessas doenças. Além dos exames de imagem, alguns tumores necessitam de investigação diagnóstica complementar com exames de laboratório, campimetria visual, audiometria e avaliação médica por outras especialidades.

Os tumores do Sistema Nervoso Central têm tratamento individualizado e começa com o neurocirurgião avaliando a possibilidade e indicação de procedimento neurocirúrgico para remoção do tumor ou de fragmento de tecido para biópsia. Os próximos passos do tratamento vão depender do tipo de tumor que consta no laudo. Após a confirmação do diagnóstico, o paciente é avaliado para indicar quais tratamentos realizar.

José Cláudio Monteiro Rodrigues explica que há a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia para o tratamento de tumores do SNC. A depender do grau do tumor, é necessário apenas o procedimento cirúrgico, ou o tratamento mais amplo com cirurgia, quimio e radioterapia. “As cirurgias hoje estão muito avançadas com o auxílio da robótica e da inteligência artificial. Porém, em alguns tipos de tumores do SNC ela não é curativa, restando para alguns casos o tratamento com quimio e/ou radioterapia”.

Além dos tratamentos citados, o desenvolvimento de novos medicamentos apresenta impacto positivo sobre o prognóstico da doença.