
Ambientes com luz intensa, cada vez mais comuns em academias modernas que simulam baladas, podem ter efeitos negativos na saúde cardiovascular durante a prática de exercícios. Um estudo conduzido pela USP identificou que esse tipo de iluminação aumenta significativamente a pressão arterial e a sobrecarga de trabalho cardíaco durante e após o exercício aeróbico.
A pesquisa foi realizada pelo Laboratório de Hemodinâmica da Atividade Motora (Laham), da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. Os resultados revelaram que a exposição à luz intensa impediu a queda natural da pressão arterial após a atividade física — fenômeno conhecido como hipotensão pós-exercício, que é considerado benéfico, especialmente para pessoas com hipertensão.
Entenda o estudo
O experimento contou com a participação de 20 homens saudáveis, entre 20 e 39 anos, que realizaram duas sessões de exercício aeróbico: uma sob luz intensa e outra em ambiente com penumbra, com intervalo de uma semana entre elas. A pressão arterial e a frequência cardíaca dos participantes foram monitoradas antes, durante e por até 24 horas após cada sessão.
O exercício consistiu em 40 minutos de pedalada em cicloergômetro, seguido de repouso. As sessões em luz intensa mostraram aumento da pressão arterial sistólica e do chamado “duplo produto” (frequência cardíaca multiplicada pela pressão sistólica), indicando maior esforço cardíaco. Esses efeitos permaneceram por até três horas após o fim do exercício.
Riscos e recomendações
Segundo os autores, o efeito da luz intensa pode anular os benefícios imediatos do exercício sobre a pressão arterial, o que pode ser especialmente prejudicial para pessoas com hipertensão ou risco cardiovascular. Embora o estudo tenha sido realizado apenas com homens saudáveis, os resultados sugerem a necessidade de considerar a iluminação como um fator importante na prescrição de atividades físicas.
“A exposição contínua à luz intensa durante o treino pode comprometer o efeito hipotensor crônico do exercício aeróbico e aumentar o risco cardiovascular”, destacam os pesquisadores.
O estudo, intitulado Bright light increases blood pressure and rate-pressure product after a single session of aerobic exercise in men, foi publicado na revista científica Physiological Reports.
Autores
A pesquisa foi conduzida por Gustavo Oliveira e Thais Marin, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH-USP), sob orientação do professor Leandro Campos de Brito, então pós-doutorando do Laham e atualmente pesquisador na Oregon Health & Science University. A professora Cláudia Lúcia de Moraes Forjaz, da EEFE, também assina o trabalho como coautora.
Fonte: CFF