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Lúpus eritematoso pode ser controlado

Lúpus eritematoso pode ser controlado

Cintia Magno

Doença inflamatória crônica que acomete vários órgãos e sistemas do corpo, o Lúpus eritematoso sistêmico ocorre em decorrência de uma resposta alterada do sistema imunológico, que leva o corpo a produzir anticorpos que se voltam contra as próprias células e organismo da pessoa. De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia, não existem números exatos no Brasil sobre a doença, mas estima-se que cerca de 65 mil pessoas tenham Lúpus no país, sendo a maioria mulheres.

A reumatologista Natasha Valente explica que o Lúpus eritematoso sistêmico é diferente do Lúpus cutâneo, em que a manifestação é exclusivamente na pele. O Lúpus eritematoso sistêmico é uma doença crônica e que pode se manifestar desde a forma mais leve, à mais grave. No segundo caso, a doença causa uma resposta imunológica tão rápida e intensa que o corpo não consegue se recuperar a tempo, podendo levar alguns pacientes a óbito. “O Lúpus é uma doença crônica, não tem cura, mas tem controle. Vai depender muito do tempo de início do tratamento do paciente. Quanto mais tempo sem tratar, mais a doença avança e maior é a inflamação e a possibilidade de acometer outros órgãos do corpo”, esclarece. “É uma doença que acomete mais o sexo feminino e na idade mais fértil, entre a faixa etária a partir de 20 anos. Ocorre, sim, em crianças e também pode ocorrer em idosos, mas com menos frequência”.

Manifestações diversas
Entre os principais sintomas do Lúpus estão a fadiga, a perda de peso, febre, dores articulares, queda de cabelo, lesões na pele que podem ser mais avermelhadas e uma lesão bem específica que acomete a região da face, na região próxima dos olhos e do nariz. A reumatologista Natasha Valente aponta, ainda, que dependendo da manifestação, o paciente que está desenvolvendo Lúpus também pode ter anemia, plaquetas baixas, pode apresentar inchaço em todo o corpo e alterações nos rins. “As lesões na pele são uma manifestação, em geral, muito presente em todos os pacientes com Lúpus. Pacientes que se expõem ao sol, ficam muito vermelhos e começam a apresentar manchas por exposição ao sol. Além disso, também pode haver alguma ferida na boca, só que muitas vezes essas feridas não são doloridas, então, o paciente nem percebe. Só vai perceber depois de passar pela avaliação médica”.

RINS
Outra manifestação do Lúpus e que costuma causar uma preocupação maior está relacionada ao funcionamento dos rins. “Quando o paciente chega, a gente tem que investigar se há alguma inflamação específica no rim porque essa inflamação pode causar tanto prejuízo para o paciente, que ele pode perder a função do rim e ir para a hemodiálise. Muitas vezes a gente não consegue mais reverter, ou seja, voltar à funcionalidade normal do rim devido à grande inflamação que aconteceu”, explica a dra Natasha Valente.

“O tratamento é feito com medicações imunossupressoras, entre elas, a gente opta inicialmente pelo uso de corticoide para gerar um controle mais rápido da inflamação que está ocorrendo e, em seguida, optamos por iniciar medicações específicas que vão ajudar de forma mais direcionada nessa inflamação”.