Com a chegada de janeiro, uma onda de expectativas e promessas de recomeço invade a vida das pessoas. É o mês de planejar objetivos e, muitas vezes, de lidar com pressões que vêm junto com os novos desejos. É nesse contexto que surge o Janeiro Branco, uma campanha que teve início em 2014 e busca ampliar a conscientização sobre saúde mental e incentivar práticas de autocuidado.
De acordo com a psicóloga clínica e neuropsicóloga Joelma Martins, a escolha de janeiro como marco da campanha não é por acaso. “Com o início do ano, existe uma tendência a elaborar novas metas e o sentimento de renovação, então refletir sobre um assunto tão importante é estratégico para que os cuidados com saúde mental sejam colocados em prática”, explica.
Influenciando diretamente em todas as áreas da nossa vida, como relacionamentos, desempenho no trabalho e qualidade de vida, muitas vezes as pessoas ignoram sinais de que algo não vai bem. A especialista ressalta características sociais como “uma sociedade do cansaço, não tendo tempo para cuidados essenciais para a vivência”.
A saúde mental está intrinsecamente ligada ao físico; quando você não cuida de um, afeta o outro. Prática de atividade física, e organização em etapas realistas são hábitos que ajudam a aliviar as pressões. Além disso, não subestimar a importância de buscar apoio psicológico quando necessário. Terapia não é apenas para quem está em crise. “Procurar ajuda profissional permite compreender os fatores de riscos e os possíveis cuidados que incluem a prevenção, percepção e tratamento”, afirma a especialista.
Para aqueles que enfrentam ansiedade ou estresse, especialmente devido às expectativas de um novo ano, Joelma sugere práticas simples, mas eficazes: “alimentação balanceada, atividade física, noites de sono reparador, planejamento diário, acompanhamento psicoterapêutico, escrita terapêutica e manter relacionamentos saudáveis”.
“Infelizmente a falta de cuidado com a saúde mental tem sido crescente entre a população, causando prejuízo que vão desde do aumento da aquisição de medicação, incapacidade do organismo e o aumento de óbitos. Transtornos como ansiedade, estresse, dependência de drogas e depressão têm sido recorrentes devido a ausência de cuidados com a saúde mental”, aborda.
ANSIEDADE
Tem sido cada vez mais comum escutar a seguinte frase: “eu sou uma pessoa ansiosa”. No consultório, os atendimentos feitos por Joelma, ao considerar 20 pacientes em um mês, 70% deles se autodeclaram e abordam os sintomas caracterizando-os a ansiedade. Contudo, ela faz o alerta de que “a ansiedade você pode ter um episódio e não necessariamente aquilo se amplia, mas pode ser qualquer outro transtorno, desde transtorno de personalidade, transtorno de neurodesenvolvimento”.
A campanha surge exatamente para colocar a saúde emocional no centro das atenções, e desmistificar o tema. A especialista menciona que, apesar da maior visibilidade de transtornos como ansiedade e depressão, existem mais de 300 doenças classificadas relacionadas à saúde mental. “O desconhecimento e a falta de acesso ao tratamento fazem com que muitas pessoas não reconheçam os sintomas de outros transtornos. Quanto mais ampliarmos o conhecimento, mais chances temos de mudar esse cenário”, conclui.