
A morte do Papa Francisco na última segunda-feira, em decorrência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e um quadro de insuficiência cardíaca irreversível, pode ter sido desencadeada por dois fatores. De acordo com a neurologista Francesca Romana Pezzella, secretária da Associação Italiana de AVC, a idade do chefe da Igreja Católica e o histórico de hipertensão são as causas mais prováveis de terem causado o quadro, enquanto os problemas respiratórios “não tem nada a ver com o AVC”.
Segundo o jornal italiano Corriere della Sera, Pezzella explica que o derrame que causou a morte do Papa pode ser causado pelo bloqueio (AVC isquêmico) ou ruptura de uma artéria cerebral (hemorrágico). “A hipótese é que tenha sido um AVC hemorrágico, que na primeira hora é acompanhado de um alto risco de morte. O tecido cerebral está danificado e é necessário intervir imediatamente: quanto mais rápida a intervenção, maiores as chances de recuperação”, afirma a médica da Unidade de AVC do Hospital São Camilo em Roma.
Ela conta que alguns fatores clínicos podem ser indicativos de um AVC, como dificuldade para falar e se movimentar, fraqueza nos membros, articulações enrijecidas e paralisia facial. Segundo a médica, um fator de risco para o quadro é a idade. “A incidência dobra a cada década após os 55 anos. É mais frequente em homens até os 60-70 anos, e depois a incidência é maior em mulheres”, explica Pezzella, acrescentando que “se houver histórico familiar, o risco aumenta em 30%”.
A saudação aos fiéis na Praça de São Pedro, no domingo de Páscoa, que viria a ser o último ato público de Francisco, foi a primeira aparição marcante do Pontífice desde a internação por problemas respiratórios, em 14 de fevereiro. Para a neurologista, no entanto, as duas questões não estão relacionadas.
“O que sabemos e o que foi possível observar durante as suas saídas nos últimos dias é que o Pontífice estava com muitas dores e cansado. O AVC não tem nada a ver com problemas respiratórios. Pode-se supor que tenha sido causada por um pico de hipertensão”, afirma Pezzella.
Problemas de saúde de Jorge Mario Bergoglio
Desde a juventude, Jorge Mario Bergoglio conviveu com diversos problemas de saúde: a retirada de uma parte de um pulmão devido a problemas respiratórios como bronquite; problemas no fígado e no joelho; diabetes tipo 2 e hipertensão. De acordo com Francesca Pezella, a última “é a principal causa de AVC, seguida pela idade, diabetes, fibrilação atrial e imobilidade”.
O Conclave
O conclave é a reunião de cardeais eleitores da Igreja Católica para escolher um novo Papa. Ele deve iniciar-se de 15 a 20 dias após a morte ou renúncia do Papa, a fim de esperar a chegada de todos os cardeais eleitores. Esses cardeais votam e podem ser votados, mas não podem votar em si mesmos. Têm direito a voto os cardeais com menos de 80 anos até a data da morte do Papa Francisco. Para ser eleito, são necessários 2/3 dos votos dos cardeais com direito a voto.
Apesar do rito ainda não ter começado, já há especulações sobre os nomes mais cotados – e intensas movimentações nos sites de apostas, com dois favoritos na liderança. Segundo o agregador OddsChecker, que compara apostas de diferentes sites, o cardeal italiano Pietro Parolin, de 70 anos, é o favorito a assumir o posto de líder da Igreja Católica.
Parolin é o atual secretário de Estado do Vaticano, ocupando o segundo posto mais importante na hierarquia da Santa Sé desde 2013. Foi o primeiro cardeal nomeado pelo Papa Francisco, em 2013. Diplomata experiente, Parolin ingressou no serviço diplomático da Santa Sé em 1986, aos 31 anos, e serviu em países como Nigéria, Venezuela e México, além de atuar em negociações sensíveis envolvendo China, Vietnã e Oriente Médio.
O segundo favorito é Luis Antonio Tagle, de 67 anos. Nascido em 1957 nas Filipinas, é o atual cardeal-arcebispo de Manila. Ele é conhecido por seu compromisso com a justiça social, o combate à pobreza e a defesa dos direitos humanos, além de ser defensor do diálogo inter-religioso. O filipino é frequentemente apontado como um dos possíveis sucessores de Francisco, tendo sido um de seus “favoritos”, apesar de não ter sido nomeado cardeal pelo Pontífice.