Dr. Responde

Governo institui cordão de girassol como símbolo de deficiências ocultas

O direito ao auxílio termina se a pessoa com deficiência morrer.
O direito ao auxílio termina se a pessoa com deficiência morrer.

STEFHANIE PIOVEZAN

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Tornar o invisível visível é uma das missões do colar de girassol aprovado no último dia 17 como símbolo nacional de identificação de pessoas com deficiências ocultas. As outras são fomentar a empatia, o respeito e principalmente a educação e a conscientização em relação às diferenças.

A lei que institui o símbolo foi sancionada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e estabelece que o uso do cordão é opcional e sua ausência não prejudica o exercício de direitos e garantias previstos em lei.

O texto, incorporado ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, afirma ainda que a utilização do item não dispensa a apresentação de documento que comprove a deficiência em caso de solicitação pelo atendente ou pela autoridade competente —medida fundamental para evitar o uso indiscriminado, segundo Flavia Callafange, diretora da Hidden Disabilities Sunflower na América Latina.

A empresa representa a causa das deficiências ocultas em diferentes países e é responsável por promover o símbolo, criado em 2016 a partir de uma demanda da equipe do aeroporto de Gatwick, na Inglaterra.

Os funcionários queriam algo que passageiros com deficiências ocultas pudessem usar para sinalizar a necessidade de atenção especial e, após reuniões com entidades voltadas ao cuidado de pessoas com autismo e Alzheimer, chegaram ao modelo: um cordão verde com girassóis que representam confiança, crescimento e força, além de transmitir felicidade e positividade.

“O cordão em si não dá lugar na fila e não garante direitos. Ele serve para pedir empatia, respeito e paciência”, ressalta Callafange.

A executiva conheceu o potencial do símbolo no fim do ano passado, ao viajar de avião com a filha e receber um cordão da companhia aérea. “Ela tem autismo, é muito agitada e os passageiros terminavam reclamando. Dessa vez, porém, eles olhavam e sorriam, conversavam com ela.”

Após a experiência, Callafange quis conhecer a HD Sunflower e se tornou representante da empresa. Nos últimos meses, ela tem ido a Brasília para divulgar o projeto original e trabalhado para fechar parcerias com aeroportos, companhias aéreas e parques.

A proposta é que as empresas treinem seus funcionários para atender pessoas com deficiências ocultas e entreguem gratuitamente o cordão aos clientes com essas condições.
“Quando entrei, estava olhando para a minha filha, para o autismo, mas é um universo. Os outros, aqueles que têm deficiências invisíveis, são muitos.”

Tornar o invisível visível é uma das missões do colar de girassol aprovado no último dia 17 como símbolo nacional de identificação de pessoas com deficiências ocultas.

Na lista, estão condições como TEA (transtorno do espectro autista), câncer, asma, transtorno de ansiedade, anosmia (perda do olfato), transtorno bipolar, epilepsia, fibrose cística, fibromialgia e esclerose múltipla.

Esquizofrenia, dispraxia, doença de Crohn, lúpus, doença de Lyme e disautonomia (transtorno que afeta o sistema nervoso autônomo, afetando os batimentos cardíacos e a respiração) também integram a relação.

“Vivo com disautonomia e enfrentei comentários desencorajadores de algumas pessoas devido à minha condição”, escreveu a Miss Mundo Chile 2022, Ambar Zenteno, ao postar uma foto com o cordão de girassóis ao lado de Callafange.

O influenciador Ivan Baron também usou as redes sociais para divulgar o símbolo. “Precisamos agora que essa informação chegue para mais gente, a sociedade aprenda o porquê do uso desse cordão e assim respeite.”